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recorda de passar dias montando chaveiros para ga-
nhar algum dinheiro. “Eu queria ser remunerado em
vez de ganhar uma mesada.” Com esse pensamento,
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cleta, depois, aos 18 anos, pilotando uma moto – para
realizar os serviços da distribuidora.
Um de seus quatro irmãos, Leandro, trabalhava
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um curso de HTML. Leandro achou que aquilo seria
muito importante para o futuro do irmão e tentou ins-
crevê-lo na aula, mas foi informado de que um garo-
to de 15 anos não seria aceito. O curso era só para
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primeira aula para saber se vou gostar.” Dois meses
depois, ele terminou o curso com uma das melhores
notas da turma. Aprendera a criar um site institucional
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conceitual. “Depois disso, ganhei um computador.”
Por volta dos 16 anos, Willians viu no MercadoLi-
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alguma graninha, aproveitando os produtos da indús-
tria de confecções, em Marília, interior de São Paulo,
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nés que Willians colocava à noite no MercadoLivre.
Depois, começou a vender cursos em formato de CD
-ROM sobre como formatar ou fazer manutenção de
computadores. “Eu compilava vários materiais, grava
em CD e vendia como se fossem apostilas digitais. Era
meio que uma pirataria.” A procura começou a crescer
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Essa necessidade o fez comprar um curso de Access
para poder organizar os dados das vendas. Logo, isso
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ligar para o cliente, passar o número da conta para
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Essa rotina lhe tomou tanto tempo que pensou que
precisava criar um software de gestão.
Em 2002, Willians, então com 17 anos, adquiriu
um exemplar do best-seller
Desenvolvendo Websites
com PHP
, de Juliano Niederauer. “Aí eu fui realmente
estudar programação. O livro tinha passo a passo e
exemplos, então eu ia lendo e testando no meu proje-
to.” Cerca de três meses depois, Willians havia criado
um sistema inédito no Brasil, batizado de PHPML. Era
a linguagem PHP usada para o MercadoLivre.
Nessa época, o e-commerce ainda estava come-
çando no Brasil. No MercadoLivre havia um fórum
onde os vendedores trocavam informações. Willians
aproveitou essa vitrine. “Era um sistema online, então
não adiantava eu vendê-lo, pois a pessoa que com-
prasse não conseguiria fazer uma evolução do sis-
tema. Aí eu cobrava um valor por mês e continuava
dando manutenção para o sistema.” De certa forma,
algo parecido com o que tinha feito com o videogame,
mas dessa vez o produto era uma inovação própria.
Depois de alguns meses, surgiu um problema de
segurança. Como Willians também era um vendedor
no MercadoLivre, os demais vendedores que utiliza-
vam o PHPML questionaram o que ele poderia fazer
com os dados de seus clientes, já que tinha acesso
a todas as transações. Então, Willians precisou fazer
uma escolha. “Nessa época já estava claro que o sis-
tema era algo do futuro e eu gostava de tecnologia
muito mais do que de fazer processo administrativo.”
Willians deixou de ser um vendedor no Mercado-
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sionais. Passou em primeiro lugar no curso noturno
de Administração do Centro Universitário Eurípides de
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do da tarde batia cartão na distribuidora da família. E
de manhã podia se dedicar ao seu negócio tecnológi-
co, que mudou de endereço.
Ele deixou de trabalhar em seu quarto e montou
no porão de casa um escritório para cuidar de seu
próprio negócio com a ajuda de Anderson Honora-
to, um amigo com quem costumava andar de patins
e agora ajudava fazendo o suporte do software. A
dupla não estava no Vale do Silício, mas tinha sua
própria “garagem”.
“Ao longo da faculdade eu me questionava se eu
não deveria ter feito Ciência da Computação ou Enge-
nharia de Software para ter uma visão mais técnica.
Por outro lado, depois, quando amadureci mais eu vi
Foto: Marcio Hanashiro
REVISTA LOCAWEB
GENE
DA
TECNOLOGIA
“AO LONGODA FACULDADE, EUME QUESTIONAVA
SE DEVERIA TER FEITO CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
OU ENGENHARIA DE SOFTWARE”
Willians