47
no site da Embrapa e nos hospitais onde eu ia. Usava
µOHR GH FDQROD RX GH PLOKR )XL GHVHQYROYHQGR UHFHL
WDV )D]LD DV ERODFKDV GHOH RV ERORVÜ UHFRUGD ,VDXUD
)RL DVVLP DW« RV DQRV TXDQGR 3HGUR VH FXURX GD
alergia. Ninguém nunca soube explicar como.
O único alimento que ainda causa alergia hoje é
o leite. “Não posso exagerar muito, senão coça minha
garganta por dentro”, revela Pedro que evita inclusive
derivados, como bolos, sem sofrer por isso.
Quando recebeu alta médica, a doutora que
acompanhava Pedro o encaminhou para um endócri-
nopediatra. Era preciso tratar de sua desnutrição. Dois
dias depois, os exames revelaram que seu baço es-
tava aumentado. De volta à Unicamp, Pedro fez uma
biópsia que encontrou uma doença rara no fígado:
colangite esclerosante primária.
Até os 11 anos, Pedro só sabia que seu baço era
grande demais e, por isso, era proibido de brincar
como as outras crianças. “Eu gostava muito de jo-
gar bola, mas não podia porque havia o perigo de a
bola bater e estourar o baço.” Na verdade, o órgão
estava assim porque tentava combater a doença do
fígado. Seus pais mantiveram em segredo a única
forma de cura.
Nesse meio-tempo sua produção de plaquetas
caiu tanto que suspeitaram que ele tivesse desenvol-
vido leucemia. A investigação concluiu que não havia
essa doença. Enquanto isso, Pedro aprendeu a tocar
teclado, guitarra e, mais recentemente, violino.
Às 23h do dia primeiro de janeiro de 2013, Pedro
WHYH XPD KHPRUUDJLD 'LDQWH GHVVH QRYR TXDGUR í
nalmente se tornara um paciente em prioridade na
íOD GH WUDQVSODQWH GH I¯JDGR Û$¯ HX GHVFREUL 2 P«GL
co falou na minha frente que eu iria para o transplante
e que meu pai que ia doar um pedaço do fígado tinha
SHULJR GH PRUUHU (X íTXHL GHVHVSHUDGR Q¥R TXHULD
fazer”, recorda Pedro.
1R GLD GH IHYHUHLUR SDL H íOKR HQWUDUDP QR
centro cirúrgico. Mais 20 dias de internação transcor-
reram até que Pedro teve alta. Nos seis meses seguin-
WHV íFRX UHFOXVR GHQWUR GH VHX TXDUWR $ ¼QLFD SHVVRD
com quem teve contato foi sua mãe, que cuidava de
sua alimentação, higiene, remédios e dreno. Desde
então, Pedro toma um imunossupressor diariamente.
O remédio baixa as defesas de seu organismo para
balancear o ataque ao órgão intruso, ou seja, ele sem-
pre estará vulnerável a infecções causadas por vírus,
fungos ou bactérias.
(GLOVRQ íFRX FRP XPD FLFDWUL] H D HPR©¥R GH
VDEHU TXH DO«P GH VHX VDQJXH H[LVWH HP VHX íOKR
“um pedacinho meu”. E Pedro ativou o "gene da tec-
QRORJLD GXUDQWH VXD UHFXSHUD©¥R )RUDP VHLV PHVHV
intensos e decisivos.
No começo se distraía jogando, por isso seus
primeiros projetos começaram com pesquisas para
aprender a programar jogos. Assim ele foi aprenden-
Abaixo à esquerda
o palmeirense
Pedro e seus
colegas de
time ouvem
as instruções
do técnico de
futebol. Abaixo a
turma do 1º ano do
ensino médio, no
colégio Dom Pedro
II. Da direita
para a esquerda,
Beatriz, Pedro e
Ana Carolina, o
trio inseparável
[
Não foi só Pedro e sua família que sentiram medo no momento
do transplante. Beatriz, 14 anos, precisa conter as lágrimas ao
lembrar o amigo. “Enquanto ele estava se recuperando, o mais
impressionante é que estudava, fazia todas as tarefas, não
ëFRX SDUD WU£V HP QHQKXP PRPHQWR H DLQGD FRQVHJXLX HVWXGDU
programação deitado numa cama. E ele só fala desse problema
TXDQGR DV SHVVRDV SHUJXQWDP 1¥R ëFD VH ID]HQGR GH Y¯WLPD
entendeu?”
No primeiro dia em que Pedro voltou para a escola, ganhou
uma festa surpresa com bexigas, comidinhas, cartazes e muita emoção.
Mais tarde, a professora de português e literatura, Gláucia, pediu para
Pedro escrever sua história, corrigiu o texto e treinou o programador para
que ele ministrasse a primeira palestra de sua vida para as turmas do
HQVLQR P«GLR Û(X íTXHL PXLWR LPSUHVVLRQDGD FRP D KLVWµULD GH YLGD GHOH
e percebi que tinha que ser divulgada porque o Pedro é um exemplo de
superação”, explica a professora.
DE VOLTAPARAA ESCOLA
Fotos: Andréa Ascenção
REVISTA LOCAWEB
GENE
DA
TECNOLOGIA