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Quando recebeu o convite de outro programa-
dor, Bruno Souza, conhecido na comunidade como
JavaMan, para palestrar no JavaOne, Pedro aprovei-
tou para se inscrever em palestras sobre linguagem
PHP e um computador completo e de baixíssimo cus-
to chamado Raspberry Pi, que possui quase o mes-
mo tamanho de um cartão de crédito. No mesmo
dia, visitou a sede de duas empresas de tecnologia:
Locaweb e Oracle.
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gram do Justin Bieber ou melhorar as notas no sis-
tema de boletim. Pedro acha graça. O que ele faz não
tem nada a ver com isso.
Certa vez, às 3h da madrugada, Isaura acordou
com um barulho. “Eu achei que tinha ladrão dentro
de casa.” Ela desceu as escadas do sobrado e não en-
controu nada além de silêncio e escuridão. Subiu as
escadas de novo, abriu a porta do quarto de Pedro e
deparou com ele mexendo no notebook debaixo da
coberta, disposta como se fosse uma cabana. “Meu
Deus do Céu! Quase morri do coração”, recorda a mãe
sobre o ocorrido em que Pedro colaborava e aprendia
nos fóruns de desenvolvedores.
Pedro tem testado os nervos da família desde o
dia 20 de junho de 2001, quando veio ao mundo. Em
seus primeiros dias de vida chorava e vomitava muito.
Os médicos diziam ser por causa de cólicas comuns
em recém-nascidos. Três meses se passaram, nada
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quatro meses, descobriram que Pedro tinha alergia
a leite de vaca e leite materno. Pedro experimentou,
então, o leite de soja. Isaura testou todas as marcas,
mas Pedro foi piorando cada vez mais. Ele inchava por
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Aos dez meses, durante uma consulta médica,
Pedro tomou sua última mamadeira de leite de soja.
– O que eu vou dar para ele quando chegar em
casa? – perguntou a mãe ao médico.
– Eu não sei... A senhora tente mingau de Arrozina
com água.
Arrozina é um pó feito de amido de milho com
farinha de arroz, que misturado com água virava um
castigo para Pedro. “Mas a fome apertava e ele ma-
mava”, recorda Isaura.
Não demorou para o bebê desenvolver alergia
ao mingau também. A nova tática de Isaura foi co-
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do que isso. Pedro mamava uma fruta batida durante
dois dias. No terceiro desenvolvia alergia. Era preciso
trocar de fruta constantemente. Se ele repetisse uma
fruta seu corpo inchava. “O médico falou até que eu
podia morrer de fome”, conta Pedro.
Isaura recorreu ao laboratório da Universidade
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os alimentos diretamente na veia de Pedro. Caso ele
tivesse reação alérgica, ela se manifestaria mais rapi-
damente. Para voltar ao normal, usavam corticoide.
Nessa fase, o alimento mais nutritivo que Pedro con-
sumiu foi feito de creme de frango com aveia e água.
Depois, aos 3 anos, arroz, feijão, batata e banana, a
única fruta que não deu tanta alergia, entraram na
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Ele era tratado como celíaco, então, foi tirado o trigo.
Nada do mercado podia. Eu comecei a pegar receitas
PEDRO TEM TESTADO OS
NERVOS DA FAMÍLIA DESDE
O DIA 20 DE JUNHO DE 2001
REVISTA LOCAWEB
CAPA