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rio se esforçavam para pagar escolas particulares

de bairro para suas duas irmãs mais velhas e ele, a

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públicas, ele se tornava um atípico rebelde. Colecio-

nava uma série de tentativas frustradas de fugir da

escola. “Eu não me curvava àquela metodologia de

ensino, aquela chatice da escola. Eu sempre respei-

tei os professores, eles gostavam de mim, mas eu

era um aluno fraco. O conteúdo me despertava uma

apatia tremenda.”

O “rebelde não violento”, como ele gosta de se de-

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materiais que lhe interessavam na frente dos livros da

escola para ler durante as aulas. Um dia Rogerio se

distraiu com o material extra. Quando se deu conta, o

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rápido. Passou por ele, lançou um sorriso e continuou

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Com o tempo, Rogerio passou a enxergar institui-

ções de ensino particular como um comércio. “Elas

seguem a mesma forma de operar de um negócio. Os

alunos que estão ali são clientes. Isso distorce tudo.

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tão, eu desperdicei muito tempo na escola. Eu já nem

lembro mais de muita coisa que foi ensinada, não sei

o que eu deveria fazer com aquilo.”

Ele se pergunta por que a escola não ensina coi-

sas de valor prático. “Ela se ocupa em cuspir uma car-

ga teórica feita unicamente com o objetivo de passar

no vestibular. É uma coisa obsoleta. Por que não se

ensina marcenaria nas escolas? Leis? As pessoas

saem de lá sem saber fazer imposto de renda, não

têm noções básicas de economia, não sabem fazer

sua própria comida.”

A doutora Zenita Cunha Guenther, ph.D. em psi-

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defende que é preciso mudar o sistema de rigidez,

deixar as crianças livres para demonstrar suas pre-

ferências, e se mostrarem preferir ser autodidatas

que sejam. Ela explica: “As crianças e os jovens que

se dedicam a estudar informática em sua maioria não

precisam da presença do outro, trabalham bem sozi-

nhas, se entretêm com seu próprio trabalho, encon-

tram seus próprios conceitos e se sentem mais livres

com o computador porque as respostas eles mesmos

encontram, não têm de esperar o professor explicar.

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inteligente devido ao enorme potencial que têm para

o trabalho intelectual”.

Rogerio recortava tirinhas de Calvin and Hobbes

dos jornais para decorar seus cadernos. Ele se sentia

como o garotinho de cabelos loiros que vive sonhan-

do acordado durante a aula. Mas isso iria acabar logo.

Aos 14 anos, mudou-se com a família para São Lou-

renço, Minas Gerais. Depois de alguns meses frequen-

tando a oitava série no período vespertino, entendeu

[

“Nosso sistema público educacional

atual (no mundo todo) se baseia

na ideia da habilidade acadêmica,

que vem desde antes do século

XIX. Foram criados para atender à

demanda da industrialização.

Ou seja,

de acordo com essa necessidade, foi

preciso dividir as disciplinas em aquelas

que são mais úteis para o trabalho e as

que não seriam tão importantes assim,

como dança por exemplo. Logo, muitas

vezes a escola afasta as crianças daquilo

que mais gostam, com a ‘certeza’ de

que jamais conseguiriam um emprego

fazendo aquilo. Mas vieram as revoluções.

A tecnológica facilmente derrubou todo

esse pensamento, mas na prática nosso

sistema educacional não acompanhou a

revolução”, disse Ken Robinson durante

palestra para o TED. Ken é professor

emérito da Universidade de Warwick, na

Inglaterra, autor de best-sellers, entre

outras coisas.

NULLIUS INVERBA

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