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perdido oportunidades de trabalho e estudo no exte-

rior por não ter concluído o ensino fundamental. En-

tão, em 2009, foi diminuindo o ritmo de trabalho para

poder se dedicar por meio período aos estudos para

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o que também serviu de preparação para prestar

vestibular. “A forma como eu fui exposto às matérias

na escola me causavam ojeriza. Mas, nesse momen-

to, eu tive a felicidade de redescobrir esse material

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que apareciam eram solucionadas com prazer e isso

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passou no ENEM e, automaticamente, conseguiu o

FHUWLíFDGR GH FRQFOXV¥R GR HQVLQR P«GLR SU« UHTXL

sito para entrar no ensino superior.

No ano seguinte, ele se mudou para o interior do

estado de São Paulo e ingressou no curso de Enge-

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uma luta mesmo. Uma conquista que trouxe bastante

alegria também para minha família. Mas o mais im-

portante para mim não é o diploma na parede, é o que

eu vou fazer com o ferramental que vou adquirir no

ensino público, pago com o suor de tanta gente. Qual

será o retorno que vou dar para o mundo?”, atenta-se.

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DR WHVRXUR TXH FRPH©RX DRV DQRV )RL QR LQ¯FLR GR

primeiro volume da série

The Art of Computer Pro-

gramming

que descobriu o espírito bem-humorado e

humilde do autor. Knuth informa que oferecerá uma

recompensa para quem encontrar qualquer tipo de

erro em seu livro. Como Rogerio recorre a esse livro

toda vez que precisa escrever um programa com um

DOJRULWPR PDLV HíFLHQWH FRPSDFWR RX HOHJDQWH XP

dia percebeu algo inconsistente. Enviou um e-mail

para Knuth, avisando que ele descrevera um símbo-

lo de uma determinada maneira e algumas páginas

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“É uma coisa que requer atenção e muito detalhismo

SRUTXH SDVVDULD H SDVVRX EDWLGR SDUD PXLWDV SHV

soas, desde a primeira edição.”

Um ano mais tarde, emmaio de 2015, um carteiro

entrega uma correspondência postada da Califórnia

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TXH VH WUDWD $UOHWH WHOHIRQD SDUD R íOKR TXH DLQGD

incrédulo pede para Nilson abrir cuidadosamente a

FDUWD 'HQWUR XP FKHTXH íFW¯FLR H QRPLQDO D 5RJH

rio assinado pelo seu ídolo, o professor emérito em

Stanford, Donald Knuth, agradecendo seu aviso sobre

o erro com um prestígio ímpar.

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revista

American Scientist

. Ele é o único brasileiro que

cavou uma das melhores obras do século e encontrou

seu próprio tesouro. Hoje, no terceiro ano do curso de

Engenharia de Computação, ele volta sua atenção para

a área de redes, telepresença e telemedicina, além de

planejar patentear inventos que vem projetando desde

os anos de 1990. “Eu vejo o curso como um ferramental

que vai me dar oportunidades e rede de contatos para

germinar projetos.” A universidade também proporcio-

na acesso à impressora 3D que tem sido fundamental,

mas talvez, em breve, ele possa desenvolver os protó-

tipos usando sua própria impressora 3D, se for contem-

plando pelo Hackathon Ekos Mãos na Mata, oferecido

pela Natura. “Eu estou indo para Belém do Pará para

participar, e o legal é que vai ser um super-hackathon,

inclusive no júri vão estar dois pesquisadores do MIT

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passada, os ganhadores foram enviados pro Media Lab

do MIT para participar de uma temporada lá”, diz cheio

de expectativas Rogerio.

Aos 30 anos, quando mira o passado, Rogerio

não vê uma criança especial. “Não tenho nada de

geniozinho. Sou só uma pessoa que não se confor-

mou com a metodologia de ensino da escola. E até

hoje eu conservo a mesma inconformação. Só que o

Rogerio com 8 anos de idade ninguém ouvia. Hoje o

pessoal ouve.”

O GENE DO PORÃO

O primeiro videogame que Willians ganhou não

foi só um brinquedo. Em 1995, sabia que as crianças

da vizinhança também queriam jogar

Mario Kart

e

Mario Bros

. Então, transformou seu Super Nintendo

SNES em uma oportunidade de negócio. Aos 10 anos

de idade, sem que os pais soubessem, Willians co-

brava dos colegas um aluguel por hora para usarem

o videogame. Quando Dinah e Valter descobriram a

ÛYHLD HPSUHHQGHGRUDÜ GR íOKR PDLV QRYR FRORFD

ram-no de castigo.

Willians Cristiano Marques havia adaptado a seu

mundo de criança o que respirava dentro de casa. Val-

ter tinha empresas de brindes, depois Dinah abriu uma

distribuidora de materiais para comunicação visual. A

partir dos 10 anos, Willians saía da escola e passava

as tardes na microempresa da mãe. “Então, eu cresci

tendo esse exemplo empreendedor dentro de casa.

E aí eu comecei a querer ter as minhas coisas.” Ele

REVISTA LOCAWEB

GENE

DA

TECNOLOGIA

“EU QUERIAMOSTRAR PARA

AS PESSOAS QUE TAMBÉM ERA

CAPAZ DE FAZER AQUILO”

Rogerio