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REVISTA LOCAWEB
consumo emmassa e poucos
irmãos para dividir os bens. O
resultado é a geração millennial.
“Essa safra vive em ummundo
voltado para o seu umbigo e com
alternativas para tudo. Há mais
opções de canais de TV, de carros,
de sites de relacionamento.
Acabaram as restrições, mas em
compensação aumentaram as
oportunidades e o senso crítico”,
afirma Eline Kullock, CEO da
Stanton Chase e especialista em
comportamento dos jovens.
A liberdade de expressão
é outro fator-chave no
comportamento dos millennials. Se
antes os jovens tinham de reprimir
sentimentos e angústias, agora têm
uma poderosa ferramenta emmãos
para confessá-los: as redes sociais.
“Poder colocar para fora o que
incomoda faz comque os jovens
de hoje pareçammais sensíveis. E
a aparição de jogos como
Baleia
Azul
e séries como
13 Reasons Why
contribuem comessa afirmação.
GERAÇÃO NEM-NEM?
De 2014 para 2015, o percentual de jovens brasileiros que
não trabalham nem estudam aumentou de 20% para 22,5%.
Os dados são da última pesquisa divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ver isso apenas como
um estereótipo negativo dos millennials, entretanto, é algo
inconsistente diante da realidade social. “Antigamente, o jovem
era obrigado a entrar no mercado até os 20 anos. Agora,
é incentivado a estudar mais e depois procurar emprego, o
que nem sempre é fácil. Por isso, é comum encontrar quem tem
25 anos e não está trabalhando nem estudando”, diz Sidnei.
Eline, por sua vez, destaca que essa geração demora mais
para estudar e trabalhar porque se sente indecisa sobre qual
caminho seguir. “Os jovens são impactados com notícias de que
a indústria vai acabar, o jornal vai deixar de existir e o modelo de
negócios que conhecemos vai ruir. Então, questionam se de fato
vale a pena perder tempo com uma profissão que pode não ter
espaço daqui a dez anos”, afirma a especialista.
Tal cenário, entretanto, não abrange todos os millennials, e
sim uma faixa de quem tem uma boa infraestrutura doméstica.
“Famílias carentes nas quais os mais novos são forçados a
procurar emprego para ajudar com a renda não podem bancar
esse estereótipo”, comenta Sidnei. E tudo isso precisa ser levado
em conta antes de julgar uma geração inteira e, pior, não saber
trabalhar com suas peculiaridades.
Mas a realidade não é bemassim.
Na verdade, isso revela apenas que
conseguem lidar melhor comas
frustrações e estãomais dispostos
ao debate”, diz Sidnei.
Isso ajudou a gerar, inclusive,
outra característica marcante dos
millennials: o desapego aos bens
materiais. Para eles, vale bem
mais a experiência de viver do que
a de ter. “Essa geração prefere a
mobilidade a um custo acessível
que a Uber oferece, por exemplo,
a ter um carro na garagem. É mais
simples, barato e prático. O status
vem de outros setores. Já alguém
mais velho tem o pensamento
de que é necessário ter um
automóvel, porque isso é reflexo
do esforço. É uma mudança total
no contexto social que estamos
vivendo”, conta Sidnei.
Serviços como Airbnb, Nubank
e muitas outras empresas nativas
Cartões, como o
de débito da Neon
e os pré-pagos da
Brasil Pré-Pagos,
são os queridinhos
dos mais jovens,
já que podem
ser gerenciados
por aplicativos
De acordo com
Eline, especialista
em comportamento
dos jovens, alguns
millennials relutam
em estudar por
não querer perder
tempo com carreiras
sem futuro