especial
46
REVISTA LOCAWEB
Maria Trabulsi,
especialista da
Endeavor Brasil:
quem é ansioso
corre mais risco de
sofrer com a falta
de estratégia
Um dos
principais
impasses do
empreendedor é não
saber diagnosticar o
que está acontecendo
nem priorizar
TXDO GHVDƬR GHYH
ser superado
Flávia Fernandes, analista de
desenvolvimento do Sebrae
Flávia tem razão. Cerca de
10 mil pessoas de todas as
regiões do Brasil já recorreram
à plataforma. Desse total,
mais da metade (56,30%) dos
empreendedores respondeu que
suas empresas estão na fase inicial
de definição do negócio, também
conhecida como new venture. Os
dados coletados revelam que a
maioria está confiante em relação
ao futuro. Para 56,66%, a previsão
é de crescimento nos próximos
dois anos. Apenas 6,11% não
acreditam nisso.
Aproximadamente 30%
das pessoas que acessaram o
Quiz Check-Up indicaram estar
em estágio de expansão do
negócio. Ao contrário do primeiro
grupo, essa turma é formada
por empresas consolidadas no
mercado. Mais do que alguns
anos de estrada, isso significa
público-alvo definido e produção
a pleno vapor. E também novos
desafios a serem enfrentados.
Otimismo é o que não falta
no momento. Assim como
ocorre com os empreendedores
iniciantes, os mais experientes
projetam crescimento para os
próximos dois anos. É a recessão
perdendo força no Brasil. Para
56,55% dos empresários em fase
de expansão, a expectativa é de
aumento nos negócios, sendo que
apenas 5,3% dos participantes
não estão confiantes em relação
ao futuro do País. A esperança
por dias melhores, entretanto,
não esconde o fato de que boa
parte das empresas temmuitos
problemas para resolver antes de
pensar em crescer.
Maior impasse:
falta de estratégia
Lançado em agosto de 2017,
o Quiz Check-Up acumulou até
o momento detalhes suficientes
para traçar um panorama de sete
estados brasileiros: Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará
e Santa Catarina. Os dados de
outras regiões, como São Paulo,
ainda não foram divulgados
pela Endeavor.
Segundo o estudo, a maior
parte dos empreendedores
que integram o grupo de new
ventures em todos os estados
analisados tem uma dificuldade
em comum: a falta de estratégia
de mercado. “Esse é o típico
problema que denuncia falhas
de planejamento”, diz Flávia.
“Não tem segredo: qualquer
empreendimento que visa o
sucesso exige um plano de
negócios detalhado. Mas a
maioria dos empreendedores
pula essa etapa ou não a faz
corretamente”, aponta.
Entre os desafios estratégicos
que trazemmais dor de cabeça aos
empreendedores iniciantes está a
mistura das finanças da empresa
com as pessoais, muitas vezes
impulsionada pela falta de respeito
ao poderio econômico na hora
de investir no negócio. De acordo
comMaria Trabulsi, especialista
da Endeavor Brasil, esse cenário
é comum, sobretudo, a quem vai
commuita sede ao pote. “Alguns
‘queimam a largada’, pois querem
crescer logo e esquecem a etapa
de validar o modelo de negócio.
Outros não entendem o real
problema do cliente e como o
produto ou serviço oferecido pode
se ajustar nesse sentido”, explica.
Essas dificuldades refletem
questões culturais inerentes
ao Brasil. Não é raro, por
exemplo, conhecer alguém que
montou um negócio às pressas,
por pura necessidade, já que
acabou de perder o emprego
fixo. “A consequência disso é
que muitos abrem as portas
na cara e na coragem e vão
ajeitando sua empresa conforme
as necessidades, dependendo
mais de sorte do que de outra
coisa. Sabem a importância de
se planejar, mas não o fazem
por falta de tempo ou interesse,
o que eleva consideravelmente
os riscos”, analisa o professor de
empreendedorismo e inovação do
Insper, Marcelo Nakagawa.
Para não cair nessa armadilha,
uma boa dica é investir em
mentores, algo fundamental,
principalmente, para as startups,
que têm como princípio o viés
inovador. Contar com alguém
commais vivência no mercado
para conversar costuma contribuir
bastante, pois os problemas
são vistos de fora e as soluções
tendem a ser mais criativas. É o
melhor jeito de enxergar o futuro
sem o romance que a maioria das
pessoas projeta em suas ideias.
Esse tipo de pensamento
ajudaria, inclusive, a difundir o
hábito do planejamento. “No
ambiente do empreendedorismo