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REVISTA LOCAWEB
é do que a habilidade natural
do homem para criar imagens
mentais que não existem. É ela
que vai servir de combustível
para a criatividade. “Nessa fase,
a gente se permite a tudo, sem
limites”, diz Jean. É justamente
o devaneio, aquela ideia que na
última reunião você julgou como
boba e teve medo de externar.
Fale-a, coloque no papel sem
medo de ser feliz. É isso que
vai levá-lo aos conceitos com
potencial de validação.
É exatamente aí, quando
a imaginação é aplicada para
resolver um problema, que vira
criatividade. Esse é o momento
em que se inicia a segunda fase
do processo, na qual vale a pena
filtrar todas as imaginações que
surgiram durante o brainstorm e
fazer conexões para transformá-
-las em possibilidades válidas.
Murilo dá um exemplo
bastante visual e divertido a
respeito dessa transição entre
a primeira e a segunda etapa
do processo criativo. Comenta
que se, durante uma reunião,
você imaginar o prefeito voando
sobre a cidade com uma capa
de super-herói, pode considerar
uma ideia inútil. Mas se, a partir
dessa imaginação, for criada
uma história em quadrinhos
para resolver um problema de
comunicação da prefeitura, por
exemplo, o exercício foi válido.
Agora, se pegar essa história
em quadrinhos e transformá-la em
uma ferramenta do governo do
Estado, um passo é dado adiante
e alcança-se a tão sonhada
inovação. “Inovar é empacotar
uma ideia e oferecê-la às pessoas
de alguma forma que gere valor”,
ressalta Murilo.
O fundador da Escola Pense
ainda usa uma forma genérica
e aplicável de definir o processo
criativo por meio da comparação
com a indústria. “Nesse ambiente,
tem-se o input (matéria-prima),
o processamento (linha de
produção), o output (produto) e
um grupo de feedback”, destaca.
Lista de vilões
No curso Reaprendizagem Criativa, Murilo
Gun fala sobre os nove bloqueios que
impedem as pessoas de serem criativas.
O palestrante construiu a lista com base
em ensinamentos que tirou de livros,
pesquisas e teorias ao longo da carreira.
Bloqueios educacionais
Gabarito:
é provocado pela crença de que os
problemas só têmuma ou poucas respostas,
que já existeme a pessoa só precisa
encontrá-la. É fruto da escola tradicional
e das provas feitas durante cerca de doze anos do
desenvolvimentomais importante do ser humano.
Sucesso:
as pessoas ficam commedo de se arriscar,
de expor e impor e acabam fugindo de situações que
têm risco, em vez de dominá-las.
Tesão:
tem a ver com as escolhas profissionais.
Acontece quando são impostas pelo meio ou
por pessoas de confiança. O jovem recebe um
“cardápio” de profissões, escolhe uma e tenta se
enquadrar. Mas, depois, não consegue descobrir o
que realmente o move, o que dá prazer no âmbito
profissional. (Saiba mais no boxe “Descubra o que te
move”, na página 32.)
Bloqueios mercadológicos
Especialista:
priorização apenas do
conhecimento vertical. Ocorre da
graduação para a pós, depois para
mestrado, doutorado, pós-doutorado.
Dessa forma, deixa-se de lado a curiosidade de
se ter o conhecimento superficial de outros
assuntos – um elemento básico para a
criatividade, que leva à inovação.
Adulto:
empresas exigem seriedade, organização
e extrema racionalidade, o que deixa as pessoas
menos propícias à divagação. É por isso que
companhias criativas e inovadoras têm escritórios
infantis, para trazer a criança interior para o jogo e
combater esse bloqueio.
Ocupado:
obsessão que as pessoas têm de
achar que só estão sendo produtivas quando
estão ocupadas. Contudo, esquece-se que,
durante uma caminhada breve no quarteirão,
pode ter uma ideia que vai poupar centenas de
horas e dar um salto no tempo.
Bloqueios cerebrais
Lógica:
quando não há passado para
ser repetido, passa-se a criar respostas
baseadas em fatos muito lógicos e se
esquece de que o diferencial humano
é, justamente, a capacidade de pensar de forma
ilógica. Do contrário, um computador é capaz de
resolver a questão.
Tradições:
as pessoas se acostumam ao “foi sempre
assim” e passam a simplesmente repetir o passado
exatamente como ele é.
Implícito:
mania de subentender problemas. Hábito
de não questionar quando há falta de clareza e
acabar procurando solução para a questão errada.
Trazendo a metáfora de volta
ao assunto, a matéria-prima seria
a curiosidade, pois sem ela não há
processo. O processamento, por
sua vez, é a imaginação, é aquele
“e se...” que leva ao output,
basicamente a coragem de propor
e colocar o que foi pensado em
prática. “Já o núcleo de feedback
é o tesão, a paixão, é o que vai
fazê-lo querer retroalimentar a
ideia caso dê errado”, diz Murilo.
Esta última questão é fator
básico a ser compreendido.
“Se você não estiver pronto
para o erro, nunca virá com
nada inovador”, diz Jean.
Não deu certo? A dica é
procurar e identificar as falhas
cometidas para poder voltar
às primeiras fases do processo
e retroalimentá-lo. “O erro faz
parte, e se você atesta isso
como favorável, vai ser um
empreendedor muito
mais resiliente. Daqueles que
procuram solução, renovação
e, assim, se automotivam”,
acrescenta o fundador da Escola
de Criatividade.
Tudo deve partir da variável
de permitir-se fazer. Se der errado,
comece de novo. Ou desista, faça
outra coisa, erre, tente de novo
e assim vai. O importante é estar
consciente de que tudo o que é
novo tem risco envolvido, e você
precisa enfrentá-lo com coragem.
Não tem como inovar sem arriscar
alguma coisa. Isso é contra a
definição de fazer diferente.
Necessária a
sua realidade
“O cérebro humano é
obcecado por padrões. As pessoas
olham para as nuvens e em vinte
segundos encontram uma figura.
Somos caçadores de respostas
prontas”, diz Murilo. Vai parecer
contraditório, mas o segredo
para quebrar esses padrões é a
descoberta de... novos padrões. A
técnica que o palestrante batizou
de “Dominar para Destruir”
envolve listar quais são os
conceitos inquestionáveis que