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REVISTA LOCAWEB
as crianças se sintam menos
criativas e passem a considerar a
ousadia como falta de seriedade.
“Isso reduz sua coragem de
explorar, expor novas ideias e
tentar novas possibilidades.”
Duda dá um exemplo do que
essa situação provoca em longo
prazo: “Quase todas as pessoas
que atendi, ao me verem pegar
uma caixa de lápis de cor, já vão
logo dizendo que não sabem
desenhar. É quase automático”. De
acordo com ela, a desvalorização
da livre expressão e da criatividade
temminado a confiança das
crianças em si mesmas. O
resultado é um bando de adultos
criativamente bloqueados e
commedo de uma caixa de lápis
coloridos. Justamente aqueles
lápis que podem desenhar o
sucesso do seu projeto.
Tome consciência
O medo de errar é, sem
dúvida, um dos grandes inimigos
da criatividade. Mas é preciso
vencê-lo a todo instante. “Imagine
o que seria da humanidade se
um bebê tivesse medo de cair.
Estaríamos engatinhando até
hoje”, afirma Duda. Pense em
quantas vezes por dia uma criança
cai de bumbum no chão antes de
dar o primeiro passo e, a partir
daí, evoluir. E aí, será que você
está se arriscando assim pelo seu
empreendimento?
O risco de se machucar é
justamente um dos assuntos
mais falados no polo de inovação
mais famoso do mundo. “Quando
perguntam: ‘ah, o que o Vale
do Silício tem de especial?’. A
resposta é sempre a mesma: a
permissão ao fracasso. E por que
isso é muito falado? Porque é
importante, é a base de tudo”,
destaca Murilo.
Luciane vai além e nem sequer
deposita fichas no peso da palavra
“fracasso”, pois, segundo ela, no
processo criativo ninguém se dá
mal completamente, apenas acaba
recorrendo a outra forma de chegar
lá e começa de novo, mas com
PAUSAS SÃO
IMPORTANTES
Todas as pessoas têm um repertório consciente e um
inconsciente. Este último é composto de informações
que o indivíduo não lembra, mas estão lá. Murilo Gun
explica que é fundamental ter consciência de todo
esse processo feito inconscientemente e que costuma
ocorrer quando você deixa de lado o problema que
precisa resolver.
Apenas dessa maneira é possível iniciar um
processo que o humorista chama de incubação da
ideia. É o famoso “deixar dormir” e ter aquela sacada
genial repentina voltando para casa. “As pessoas têm
o hábito de dizer que o insight veio ‘do nada’, mas
não é assim. Você passou a vida inteira captando
repertório. A gente cai nessa mania de desvalorizar o
próprio processo”, afirma.
O fundador da Escola Pense, por experiência
própria, diz que, quando o empreendedor perceber que
não consegue mais evoluir em um problema, é válido
passar para o próximo, de preferência um de natureza
bem oposta. Ou pode largar tudo e dar uma volta no
quarteirão. A incubação é isso, valorizar a pausa, deixar
a ideia dormir para desabrochar em seguida.
algumas informações adquiridas.
“Acreditamos que grandes
descobertas da humanidade são
invenções de mentes brilhantes. De
fato são, mas só são geniais porque
as pessoas valorizaram até o fim
as suas ideias. Nada mais do que
isso”, afirma.
A acadêmica explica que, se
o processo de criação dessas
ideias “geniais” for estudado, vai
ser fácil perceber que, na maioria
dos casos, os insights são frutos
de trabalho árduo, motivação
e várias tentativas e erros até a
criação. Nada assim “uau”, que
surgiu do além.
Se dentro desse contexto
você se sente prejudicado pelos
bloqueios citados por Murilo, a
boa notícia é que o desbloqueio
só depende da sua vontade. E o
primeiro passo para isso é tomar
consciência de que existem.
Nessa etapa, é preciso olhar
para dentro com muita atenção,
reconhecer os seus limites e
identificar e abandonar todas
aquelas crenças limitantes às
quais foi exposto durante a
infância e a fase escolar. E é bom
saber que você está pronto para
isso. Basta tentar.
Outro ponto importante a
aprender é abrir-se ao irracional,
sair do automático, o que pode
ser estimulado com situações
Segundo Luciane,
já na fase escolar
as pessoas são
desestimuladas
a sair do padrão,
causando sérios
bloqueios criativos