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E

m 2015, fiquei surpreso com a

enorme inserção e influência da

Índia nas inúmeras mesas de

discussão do Internet Governance

Forum (IGF). Recentemente, eu me envolvi em

um projeto com um grupo de consultores

ligados à Universidade de Illinois, nos Estados

Unidos, em que quatro deles são indianos.

Reacendeu emmim a curiosidade de

compreender como um país com diferenças

sociais tão ou mais acentuadas do que as nossas

conseguiu um “lugar ao sol”.

Nós, brasileiros, sabemos pouquíssimo

sobre a Índia, à parte, é claro, daquilo que

foi estereotipado por Glória Perez na novela

Caminho das Índias

. Muitos de nós ignoramos o

vigor da indústria indiana de TI, ummercado que

movimenta US$ 160 bilhões (contra os US$ 60

bilhões do Brasil) e que emprega mais 10 milhões

de pessoas. Foi, inclusive, um dos setores

responsáveis pelo crescimento recente do país

nos últimos anos, segundo dados do India Brand

Equity Foundation.

Se o inglês é uma das maiores barreiras

para uma maior participação dos brasileiros

na definição de padrões tecnológicos e em

instituições internacionais, os indianos têm a

“vantagem” de terem sido colonizados pelos

britânicos e falarem inglês, uma das línguas

oficiais do país. E não se engane, apesar

do forte sotaque, eles não têm nenhuma

dificuldade para se expressar no idioma. Prova

disso é a enorme presença de indianos em

organismos multinacionais como ISO, ECMA,

IETF, W3C, IEEE, UIT etc.

Em1979, o economista brasileiro Edmar Bacha

criou o termo “Belíndia” para designar a síntese

de umpaís contraditório que consegue agregar,

aomesmo tempo e emummesmo território,

indicadores de bonança econômica equiparáveis

aos da Bélgica e de desigualdade social como os

apresentados pela Índia.

Contudo, o mundo mudou muito nos últimos

30 anos. Apesar das enormes diferenças que

marcam Brasil e Índia, ambos os países estão

inseridos no seleto grupo dos emergentes: nações

que experimentaram uma ascensão recente por

apresentarem uma significativa melhora em seus

indicadores e que almejam uma posição de maior

destaque no cenário internacional.

De acordo com os dados do

tradingeconomics.com, atualmente, a Índia é

uma economia que atingiu mais de 2 trilhões

de dólares e 1,6% de crescimento, inflação de

3,65%, juros de 6,25% ao ano e desemprego de

4,9; contra US$ 1,77 trilhão do PIB brasileiro e

queda de 3,6%, inflação de 6,28%, juros de 14,5%

e desemprego em 12,3% ao ano, considerando

o mesmo período. Fica difícil não desejar que a

Belíndia fosse aqui e agora.

Kemel Zaidan

Evangelista de tecnologia

da Locaweb

@kemelzaidan

/kemelzaidan

A Belíndia

(infelizmente) não é aqui

influenciador

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