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48

POST

DA IANA

EMPODERAMENTO

Jornalista e fundadora da

PrograMaria

( www.programaria.org/ )

Twitter:

@iana

Facebook:

ZZZ IDFHERRN FRP LDQDFKDQ

IANA CHAN

ssa é uma frase que as

mulheres que trabalham

com tecnologia com certeza

já ouviram. O preconceito

travestido de elogio é só um

UHìH[R GH XP SUREOHPD PXLWR

maior: o baixo número de mulheres na

área. Elas são apenas 15,53% dos alunos

de cursos relacionados à computação, de

acordo com levantamento do Inep/MEC.

Muita gente utiliza esse tipo de dado para

argumentar que as mulheres simplesmente

não se interessam, ou pior, não têm habilidade

para tecnologia, pois são mais “emocionais” e

menos “racionais”. Porém, mais do que “provas”,

esses números são consequência de uma

narrativa cultural que afasta as mulheres da

área. E isso começa cedo. Os brinquedos ditos

“de menina” reforçam a imagem de que as

mulheres são cuidadoras e únicas responsáveis

pelos serviços domésticos. Enquanto brincam

com bonecas e conjuntinhos de panelas, os

meninos são presenteados com blocos de

montar, videogames e computadores. Além de

determinar o desenvolvimento de habilidades

diferentes, esses estímulos mostram para as

crianças quais expectativas a sociedade tem

delas. Um estudo do PISA mostrou que as meninas

W¬PPHQRV DXWRFRQíDQ©D GR TXH RV PHQLQRV

em suas habilidades para resolver problemas

matemáticos; elas demonstram sentimentos de

ansiedade em relação à disciplina, mesmo quando

têm desempenho elevado. Não tem a ver com

habilidade. Tem a ver com as histórias que a gente

ouve, internaliza e reproduz.

Vivemos uma era em que a importância

da tecnologia em nossas vidas cresce

exponencialmente. Ela determina a maneira

como nos informamos, nos comunicamos,

aprendemos, compramos e nos deslocamos. E,

apesar de consumirem tecnologia, ainda são

poucas as mulheres que participam da produção

dela. Dessa inquietação, nasceu a PrograMaria,

iniciativa que tem a missão de empoderar

mulheres com tecnologia e programação.

São três pilares de atuação: inspirar mulheres

FRP H[HPSORV GH SURíVVLRQDLV H SURMHWRV GD

£UHD IRPHQWDU H TXDOLíFDU R GHEDWH VREUH D

falta de representatividade de gênero e sobre

os ambientes que encontram nas escolas

e empresas, e promover experiências de

aprendizagem para que as mulheres superem as

barreiras que as afastam da tecnologia.

1¥R DGLDQWD íFDUPRV Vµ GLVFXWLQGR RV PRWLYRV

pelos quais é importante que tenhamos mais

mulheres na área. É preciso avançar de “por quê?”

para “como?”. Como fazer com que mais mulheres

sintam-se motivadas a explorar e experimentar a

tecnologia? Como combater o viés inconsciente

que faz as mulheres serem percebidas como

menos competentes do que os homens? Como

fazer para que as empresas e as faculdades

promovam ações que tornem seu ambiente menos

hostil ao sexo feminino?

Não há respostas fáceis e o caminho

ainda é longo, mas acredito profundamente na

transformação social que a tecnologia promove.

Ver cada vez mais mulheres se empoderando e

inspirando outras a fazer o mesmo faz essa luta

valer a pena.

[

NÃO ADIANTA

FICARMOS SÓ

DISCUTINDO

OSMOTIVOS

PELOS QUAIS É

IMPORTANTE QUE

TENHAMOSMAIS

MULHERES NA

ÁREA. É PRECISO

AVANÇAR DE “POR

QUÊ?” PARA

“COMO?”

]

“VOCÊ ÉÓTIMA,

APESARDE SERMULHER”

LW

E

REVISTA LOCAWEB

CAPA