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POST
DA IANA
EMPODERAMENTO
Jornalista e fundadora da
PrograMaria
( www.programaria.org/ )Twitter:
@iana
Facebook:
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IANA CHAN
ssa é uma frase que as
mulheres que trabalham
com tecnologia com certeza
já ouviram. O preconceito
travestido de elogio é só um
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maior: o baixo número de mulheres na
área. Elas são apenas 15,53% dos alunos
de cursos relacionados à computação, de
acordo com levantamento do Inep/MEC.
Muita gente utiliza esse tipo de dado para
argumentar que as mulheres simplesmente
não se interessam, ou pior, não têm habilidade
para tecnologia, pois são mais “emocionais” e
menos “racionais”. Porém, mais do que “provas”,
esses números são consequência de uma
narrativa cultural que afasta as mulheres da
área. E isso começa cedo. Os brinquedos ditos
“de menina” reforçam a imagem de que as
mulheres são cuidadoras e únicas responsáveis
pelos serviços domésticos. Enquanto brincam
com bonecas e conjuntinhos de panelas, os
meninos são presenteados com blocos de
montar, videogames e computadores. Além de
determinar o desenvolvimento de habilidades
diferentes, esses estímulos mostram para as
crianças quais expectativas a sociedade tem
delas. Um estudo do PISA mostrou que as meninas
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em suas habilidades para resolver problemas
matemáticos; elas demonstram sentimentos de
ansiedade em relação à disciplina, mesmo quando
têm desempenho elevado. Não tem a ver com
habilidade. Tem a ver com as histórias que a gente
ouve, internaliza e reproduz.
Vivemos uma era em que a importância
da tecnologia em nossas vidas cresce
exponencialmente. Ela determina a maneira
como nos informamos, nos comunicamos,
aprendemos, compramos e nos deslocamos. E,
apesar de consumirem tecnologia, ainda são
poucas as mulheres que participam da produção
dela. Dessa inquietação, nasceu a PrograMaria,
iniciativa que tem a missão de empoderar
mulheres com tecnologia e programação.
São três pilares de atuação: inspirar mulheres
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£UHD IRPHQWDU H TXDOLíFDU R GHEDWH VREUH D
falta de representatividade de gênero e sobre
os ambientes que encontram nas escolas
e empresas, e promover experiências de
aprendizagem para que as mulheres superem as
barreiras que as afastam da tecnologia.
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pelos quais é importante que tenhamos mais
mulheres na área. É preciso avançar de “por quê?”
para “como?”. Como fazer com que mais mulheres
sintam-se motivadas a explorar e experimentar a
tecnologia? Como combater o viés inconsciente
que faz as mulheres serem percebidas como
menos competentes do que os homens? Como
fazer para que as empresas e as faculdades
promovam ações que tornem seu ambiente menos
hostil ao sexo feminino?
Não há respostas fáceis e o caminho
ainda é longo, mas acredito profundamente na
transformação social que a tecnologia promove.
Ver cada vez mais mulheres se empoderando e
inspirando outras a fazer o mesmo faz essa luta
valer a pena.
[
NÃO ADIANTA
FICARMOS SÓ
DISCUTINDO
OSMOTIVOS
PELOS QUAIS É
IMPORTANTE QUE
TENHAMOSMAIS
MULHERES NA
ÁREA. É PRECISO
AVANÇAR DE “POR
QUÊ?” PARA
“COMO?”
]
“VOCÊ ÉÓTIMA,
APESARDE SERMULHER”
LW
E
REVISTA LOCAWEB
CAPA