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Interessada em ciência, física e química
desde muito pequena, Thaisa é um exemplo de
mulher empoderada no universo científico
[
Criado para dar mais visibilidade à
participação das mulheres na ciência,
o prêmio For Women in Science, da
Fundação L’Oréal em parceria com a
Unesco, quer empoderar mulheres e
quebrar os tabus do gênero.
Em 2015, Thaisa Bergmann foi uma das
cinco vencedoras da premiação que aconteceu
em Paris, na França. A astrofísica brasileira
ganhou o prêmio por sua contribuição na
descoberta e estudos a respeito de buracos
negros supermassivos no centro das
galáxias. Até então, a existência desse tipo
de fenômeno era apenas uma teoria. Com a
comprovação, descobriu-se também que os
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galáxia em questão.
Em 17 anos, foi a sexta brasileira a ganhar
o prêmio. A repercussão dentro e fora da
academia transformou a vitória de Thaisa em
um exemplo indiscutível de que as mulheres
podem e estão fazendo a diferença nas mais
diversas áreas de atuação.
OPRÊMIO
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do pai acabou dando ainda mais força para que ela
seguisse o caminho que escolheu.
CARREIRACONSAGRADA
A física acredita que teve muita sorte, pois não
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carreira. Logo depois do mestrado, foi contratada
como professora na Universidade Federal do Rio
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pique para encarar um mestrado e duas gestações.
Ela confessa que tem consciência de que há
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mas acredita que não o sentiu. “Aliás, pode até
ser que eu tenha sofrido, mas não o percebi, pois
estava muito concentrada no meu objetivo”, diz.
Inclusive, essa é a dica que ela dá para as mulheres
que querem trabalhar na área de ciência: coloque
seu objetivo como prioridade, às vezes as pessoas
querem afetá-la para desviá-la do foco, mas você
tem de continuar em frente.
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é professora associada do Instituto de Física da
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Ciências, pesquisadora do Conselho Nacional de
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Comitê Supervisor da Aura (Association of Universities
for Research in Astronomy), entre outras nomeações.
Em 2007, a astrofísica também criou a disciplina
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que eu trouxe dos Estados Unidos, lá todo mundo
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currículo”, comenta. O curso teve bastante aceitação e
já forma turmas commais de 200 alunos, status que dá
muito orgulho a Thaisa.
FALTA ESTÍMULO
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pesquisadores no mundo são do sexo feminino. “Em
muitas áreas ainda temos poucas mulheres. Na física,
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ainda destaca que é um ponto de interrogação o
motivo dos números tão baixos. Não se sabe se são
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também tem seu papel.
Na dúvida, a astrofísica garante que é possível
atacar e tentar mudar o contexto social pelo menos. “A
mídia vende o estereótipo de que mulher
bem-sucedida tem de ser cantora, atriz, mas também é
preciso valorizar a mulher cientista”, lembra. Na visão
dela, os meios de comunicação têm papel fundamental
para que meninas tenham conhecimento de modelos
SDUD VH HQWXVLDVPDU FRP R XQLYHUVR FLHQW¯íFR
Outro ponto fundamental é entender que as
mulheres são diferentes dos homens e que não
deve imitá-los para ter sucesso. É preciso sair dessas
amarras de ‘ser melhor ou igual a’. O empoderamento
feminino é muito importante dentro desse universo
para mostrar que as mulheres podem estudar, criar sua
própria identidade e fazer a diferença.
AOS 11 ANOS,
EMMEADOS
DA DÉCADA DE
1960, THAISA
BERGMANN
PEDIU QUE
SEU PAI
CONSTRUÍSSE
UM PEQUENO
LABORATÓRIO
DE BIOLOGIA
E QUÍMICA NO
SÓTÃO DE CASA
REVISTA LOCAWEB
EMPODERAMENTO FEMININO