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Carlos Lima,
do Ciatec
Foto: Divulgação
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N
ascido e criado em Belo Horizonte
(MG), Matt Montenegro se
desenvolveu dentro da atmosfera
tecnológica da cidade. Isso porque a
região metropolitana do município é
conhecida por abrigar empresas com ideias
inovadoras – como a Tracksale, que entrega
relatórios em tempo real sobre a satisfação de
clientes. Seu boom foi em 2005, quando o
Google comprou a Akwan (uma empresa de
buscas brasileira) e se instalou ali.
Hoje, a região ao redor da capital mineira é
chamada San Pedro Valley, um polo tecnológico de
fato. (Trata-se de um paralelo com o Vale do Silício,
da Califórina. A área norte-americana é conhecida
por abrigar famosas empresas de tecnologia.) A
alcunha de São Pedro surgiu em 2011, com uma
brincadeira dos próprios frequentadores do bairro.
Eram muitos empreendedores digitiais povoando as
pequenas ruas. Com isso, mesmo por acaso depois
de um esbarrão, não era raro alguns deles acabar
em um café, para trocar ideias.
Matt teve seu primeiro contato com esse
ambiente em 2009, quando se tornou designer da
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lá por um ano, mas logo percebeu que sua alma de
empreendedor gritava mais alto. Desde criança, o
mineiro tinha ideias diferentes. Na escola, já vendia
Pizza Hut requentada e balas – algo que quase
quebrou a cantina do colégio. Agora, era hora de
apostar em algo maior.
Primeiro veio a Superlatido, uma loja de camisetas.
Não deu certo. Depois, Mi Casa Su Casa, um copycat
do Airbnb para alugar espaços. Também não foi para
a frente. Mudando para a área da educação, fundou o
marketplace de aulas virtuais Beved. Esta, sim, vingou
e está há quatro anos no mercado. Em julho de 2015,
também aproveitou sua experiência no setor para criar
a BarbaRuiva.com, uma startup focada em educação
para varejo e mercado corporativo.
Matt é só mais um entre os 34 milhões de
empreendedores brasileiros – boa parte deles
atuando no mundo digital ou espalhados pelos
polos e parques tecnológicos do País. Os centros
de inovação nacionais podem não ser tão famosos
como o Vale do Silício, mas são tão importantes
quanto. Por exemplo, foi no parque tecnológico
Tecnopuc, em Porto Alegre (RS), que surgiu a
Cliever, uma das empresas mais conceituadas em
impressoras 3D do Brasil.
Nesta reportagem, você entende o que de fato são
os polos tecnológicos, qual a diferença entre eles e os
parques, como está o cenário brasileiro e de que forma
você também pode tornar-se umMatt Montenegro.
UMPOUCODEHISTÓRIA
“Não se tem ao certo quando surgiu o primeiro
polo tecnológico, mas, para alguns pesquisadores
norte-americanos, o Projeto Manhattan é o
precursor”, conta Fernando Arbache, consultor
educacional do Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Em 1945, em plena Segunda
Guerra Mundial, o projeto tinha o intuito de
desenvolver as primeiras armas nucleares do mundo.
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Innovates Act, uma iniciativa que visa construir polos
tecnológicos nos Estados Unidos. “É formado por 17
laboratórios com 113 prêmios Nobel e mais de 20
mil cientistas associados”, comenta Fernando.
Porém, sem dúvida, a maior referência quando
se fala em polo tecnológico é o Vale do Silício. Lá,
as empresas se espalham por São Francisco e pelas
cidades ao redor, como Cupertino (casa da Apple) e
Mountain View (sede do Google). O espaço começou
a se desenvolver na década de 1950 como área
tecnológica da Marinha dos EUA. Hoje, o centro abriga
empresas famosas, como Facebook, Microsoft e Cisco.
No Brasil, o parque tecnológico localizado em
Campinas (SP) foi um dos primeiros baseados no
A REGIÃO AO REDOR DA CAPITAL
MINEIRA É CHAMADA SAN PEDRO VALLEY,
UM POLO TECNOLÓGICO DE FATO.
A
ALCUNHA SURGIU EM 2011, COM UMA
BRINCADEIRA DOS FREQUENTADORES
DO BAIRRO SÃO PEDRO
Matt
Montenegro,
empreendedor
digital
REVISTA LOCAWEB
CAPA