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hacker

do

bem

REVISTA LOCAWEB

59

que existe desde 2015. A

principal diferença é que não é

necessário comprovar atuação

prévia na área de segurança

da informação, como acontece

na CEH. São abordadas as

atividades básicas da profissão,

como escaneamento de

redes e sistema, exploração

de vulnerabilidades e coleta

de informações.

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Certificado desde 2010 com o

CEH, tendo inclusive ministrado

cursos no Brasil, Silvio Giavaroto é

atualmente pentester no Governo

do Estado de São Paulo. Ele

acredita que a profissão enfrenta

dificuldades no País. “Para

algumas empresas, a segurança

da informação ainda é vista como

coisa de filme. Muitas corporações

não fazem investimentos.

Geralmente, são multinacionais

que contratam profissionais.”

Esse ponto de vista é

compartilhado por Marcos

Assunção. Como consultor,

o professor universitário diz

que seus principais clientes

são grandes instituições e

organizações do mercado

financeiro. “Geralmente, quem

mais me procura são bancos. A

grande maioria trabalha com esse

modelo de negócios, contratando

consultorias dedicadas”, relata.

“Poucas empresas possuem

um setor de ethical hacker ou

pentester. Quemmais adota

esse tipo de profissional são as

gigantes financeiras e

de tecnologia.”

Cleber também sente que

falta conscientização sobre a

importância de se ter uma equipe

forte de segurança, embora

acredite que algumas iniciativas

já começam a mudar o cenário.

“Algumas companhias já trazem

eventos como Hackathon e Bug

Bounty para identificar falhas de

segurança de seus dispositivos,

softwares ou infraestrutura, além

de observar potencias talentos

profissionais.”

Se na iniciativa privada

brasileira a aposta em ethical

hackers ainda engatinha, a

área pública nada contra essa

corrente. O poder público é um

dos setores que têm investido

nesses profissionais – os grandes

órgãos federais, como a Polícia

Federal, e os maiores estados do

País contam com pentesters para

suas ações.

Como exemplo, Marcos conta

que foi contratado pelo Governo

de Santa Catarina para treinar 120

agentes de segurança pública.

“O objetivo era fazer com que os

profissionais, da mesma maneira

que conseguem grampear um telefone, fossem

capazes de invadir uma rede wi-fi, pois os criminosos

também continuam se atualizando”, conta.

A falta de profissionais certificados também é

uma barreira que deve ser superada nos próximos

anos. De qualquer forma, sem revelar valores,

Silvio acredita ser plenamente possível se manter

como profissional da área. “A carreira de hacker

ético é promissora. Uma auditoria, por exemplo,

não é algo barato. Dá para viver bem com os

honorários pagos a um pentester.”

Um consultor de segurança da informação

– carreira que apresenta similaridade à de

pentester – tem salário médio de R$ 5,6 mil, de

acordo com o Love Mondays, um dos principais

sites de carreiras do mundo.

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Um problema que ainda precisa ser superado

quando o assunto é a profissionalização de hackers

é a dos agentes duplos. Os chapéus cinza (grey hat)

são pessoas que prestam serviços como ethical

hacker, mas também utilizam o conhecimento para

cometer crimes. “Em meus treinamentos, busco

enfatizar a parte ética. Comparo a profissão com a

de policiais, que aprendem defesa pessoal, mas não

saem brigando na rua”, explica Marcos.

“Todo penetration testing é realizado depois

de firmado um contrato. No documento, há

tudo o que o profissional fará e um termo de

confidencialidade”, conta Silvio. “Tudo o que fugir

do escopo do projeto pode ser considerado crime.”

Cleber concorda com Silvio. “Contratante e

contratado devem estabelecer limites para garantir

a proteção de toda a informação gerada durante

o processo.”

Com tudo bem esclarecido, a chance de brechas

serem exploradas diminuem. Que a exploração delas

seja apenas digital e fique a cargo dos pentesters, e

não das áreas jurídicas das empresas.

O termo hacker ainda é muito

associado aos cybercriminosos,

que são, na verdade, crackers.

Isso faz com que alguns

profissionais prefiram ser

chamados pentester, em

vez de hacker éticos.

Porém, o objetivo é o

mesmo: encontrar falhas

de segurança em sistemas

e plataformas e corrigi-las