futuro
hi-tech
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REVISTA LOCAWEB
Qual foi o ponto de partida para
desenvolver a tecnologia?
Fellipe –
A ideia partiu de algo simples, mas
que oGlobal Positioning System (GPS)
convencional não consegue suprir: tornar
as corridas de kartmaismodernas,
pensando no público jovem. Oobjetivo
era inserir algo interativo nas pistas,
como emumvideogame, no qual o
jogador captura itens ao longo da corrida.
Entretanto, para qualquer tipo de interação,
é necessário saber onde o kart está.
Iniciamos então pesquisas a respeito de
tecnologias disponíveis para localização
emambientes fechados, entre as quais
desponta aUltraWide Band (UWB). [Nota
da redação: sistema de comunicação
sem fio regulamentado pela Federal
Communications Commission (FCC), dos
Estados Unidos.]
Como aUWB funciona em
comparação aoGPS?
Fellipe –
A
tecnologiaUWB usa nomínimo quatro
pontos de referência para localização.
Basicamente, são antenas com
coordenadas para orientação de onde
estava, no caso do nosso experimento, o
kart. Colocamos uma placa no veículo,
que temalcance de até 200metros, sem
obstáculos. Emrelação aoGPS, aUWB
vai alémpor ser capaz de informar onde
o carro estava, mesmo emumambiente
fechado, commaior precisão. A velocidade
comque esse dado é transmitido também
supera o sistema convencional, uma vez
que aUWBproporciona ao kart se localizar
emrelação à antena, e não ao contrário.
Uma vez que a fase 1 do projeto
junto à Fapesp foi concluída,
quais os aperfeiçoamentos a
seremfeitos a partir de agora?
Fellipe –
Comalguns obstáculos entre a
placa (UWB) e as antenas de localização,
descobrimos que o alcance de 200metros
cai. Isso poderia ser resolvido como
aumento da quantidade de antenas no
circuito. Outro ponto é que gostaríamos de
chegar a uma precisão de 20 centímetros ou
menos, mas não conseguimos obter esse
resultado emtodos os testes. A interface
como usuário da tecnologia émais um
ponto que precisamos trabalhar para que a
tecnologia cresça e tenha outras aplicações.
Quais sãos os principais
mercados que podemusar a
tecnologia?
Guilherme –
Finalizada
a primeira fase do projeto, iniciamos o
contato comalgumas empresas do setor
de logística e hospitalar. Acreditamos
que logística, sobretudo, é uma área com
demanda forte para a UWB, uma vez que,
emgalpões e estoques, o deslocamento
de objetos é grande e pode ocorrer emalta
velocidade. Surgiu interesse de pessoas
do ramo e, a partir domomento que as
parcerias forem consolidadas, acredito
sermos capazes de colocar a tecnologia
emprática ainda em2018.
Na área da saúde, como a UWB
pode ajudar?
Guilherme –
Em
hospitais maiores, como o Sírio Libanês
e o Albert Einstein, ambos em São
Paulo, o paciente pode entrar em uma
ala, mas passar por diversas outras
durante o processo de análise e cura
de determinada enfermidade. Com a
UWB, vai ser possível rastrear pessoas
e equipamentos, caso umpaciente
queira sair do hospital sem terminar o
procedimento médico, por exemplo, e
a equipe vai ser prontamente avisada,
podendo tomar as devidas providências.
Omesmo ocorrerá quando os funcionários
tiveremde localizar algum instrumento
que é usado por diferentes pessoas. No
ambiente hospitalar, deslocamentos
precisos podem salvar vidas.
A UWB tem capacidade de ser
mais abrangente e influenciar
a vida de muitas pessoas,
como ocorreu com o GPS?
Guilherme –
O aperfeiçoamento da
UWB que estamos propondo pode servir
de plataforma para outras aplicações,
assim como aconteceu com GPS e Waze.
Ela tem todo potencial para ir além
de empreendimentos específicos. São
muitas as situações em que serviços e
produtos precisam ser localizados em
ambientes fechados, tanto corporativos
como pessoais. Dentro desse cenário, a
precisão da UWB, assim como a rapidez
ao oferecer informações, são vantagens
significativas para o desenvolvimento de
novos modelos de negócios.
Fellipe (esq.) e Guilherme (dir.): projeto foi criado inicialmente para tornar as corridas de kart mais interativas
A precisão da
UWB, assim como
a rapidez ao oferecer
informações, são
vantagens significativas
para o desenvolvimento
de novos modelos
de negócios