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REVISTA LOCAWEB
social e profissional. Na área de
negócios, a aplicação da neurociência
para potencializar resultados – o
neurobusiness – é uma das grandes
tendências que tem se tornado
realidade e pode ser implementada
na rotina de qualquer organização,
independentemente de seu tamanho ou
campo de atuação.
Estudar o cérebro e suas aplicações
tem sido uma das minhas paixões nos
últimos anos, rendendo uma infinidade
de insights de neurobusiness, que tenho
usado com sucesso, tanto naminha
atuação individual como nas consultorias
que presto para outras organizações.
Assim, compartilho algumas dessas dicas
valiosas para beneficiar as atividades
estratégicas de seu negócio, como
tomada de decisão, produtividade,
sustentabilidade e influência de pessoas
(equipes, clientes, consumidores,
parceiros...). Vamos a elas.
1. Faça primeiro o que
é importante
Ao contrário do que se imagina,
a força de vontade não é um fator
constante no nosso organismo, mas
uma habilidade que diminui conforme
a usamos – esse efeito é denominado
“Decision Fatigue”, ou “Fadiga de
Decisão”. Assim, quanto mais decisões
somos obrigados a tomar ao longo do
dia, mais debilitados vamos ficando para
tomar novas decisões. Isso porque cada
uma delas consome um pouco da nossa
força de vontade disponível, diminuindo
(e, eventualmente, esgotando) seu
estoque para ser usado nas próximas
vezes. Esse processo prejudica nossa
habilidade de julgamento e ação,
comprometendo nosso desempenho
diário, produtividade e resultados.
Assim, se desperdiçarmos nossa
capacidade de decisão com coisas
que não são importantes, teremos
dificuldade de decidir as coisas que
importam ao longo do dia. Por exemplo,
se iniciamos o dia tendo de resolver
coisas banais (roupa que usaremos,
se vamos passar na lavanderia, o que
preparar no jantar, responder em
mídias sociais...), quando chegamos ao
trabalho e precisamos tomar decisões
importantes, já vamos ter consumido
boa parte da nossa força de vontade
para decidir. Portanto, para combater
a fadiga de decisão, escolha e faça
primeiro o que é mais importante e
delegue as decisões menos importantes.
2. Alimente o cérebro
O cérebro humano consome cerca
de 20% a 30% da energia do corpo e, se
não estiver bem alimentado e hidratado,
não funciona bem. Não é à toa que os
latinos diziam: mens sana in corpore
sano. Apesar do apelo energético que
os açúcares oferecem, são consumidos
muito rapidamente pelo cérebro,
perdendo eficiência em pouco tempo.
Quando estiver precisando de energia
cognitiva, dê preferência a castanhas e
cafeína, que têm um efeito mais durador
e benéfico para as atividades cerebrais,
melhorando sua produtividade.
3. Medite
Prática milenar associada a inúmeras
religiões e espiritualidade, a meditação
tem sido cada vez mais aclamada pela
neurociência como uma das atividades
mais benéficas para o cérebro, com
o poder não apenas de mudar sua
química (hormônios) como também
sua estrutura física (neuroplasticidade).
Um dos maiores inimigos da boa
tomada de decisão é o estresse, e a
meditação é comprovadamente um dos
seus antídotos. Meditar diariamente
deveria fazer parte da nossa rotina de
higiene, pois precisamos limpar a mente
constantemente, da mesma forma que
limpamos nosso corpo físico.
4. Não reaja por instinto
ou emoção. Pense!
Um dos maiores poderes que o
ser humano possui é a habilidade de
raciocinar. É isso que nos separa dos
animais irracionais. No entanto, o
instinto e a emoção são as respostas
mais imediatas para o que acontece ao
nosso redor, fazendo com que, muitas
vezes, atuemos de forma errada por
falta de avaliação adequada. Assim,
apesar de termos o poder de pensar,
nossa tendência biológica é reagir
instintiva e emocionalmente. Isso é
desfavorável para nós, especialmente
em processos de negociação. Para
tomar melhores decisões, sempre pare
para pensar antes de reagir, conte até
dez, em qualquer situação. Meu pai
costumava dizer: “Não faça promessas
quando estiver feliz; não responda
quando estiver irritado; não aja quando
estiver triste”. Bom conselho, validado
pela neurociência.
5. Controle seu
estado emocional
Uma das grandes descobertas da
neurociência nas últimas décadas é
que a tomada de decisão depende da
emoção. Somos animais emocionais
que racionalizam decisões. Sentimos,
e, então, decidimos. Dessa forma,
uma das melhores maneiras de
naturalmente melhorarmos nossas
decisões e influenciarmos as decisões
de outras pessoas (clientes, parceiros,
consumidores, equipes...) é criar o
estado emocional que tende a gerar
automaticamente o comportamento
que desejamos. Músicas, vibrações,
assuntos, ambientes e companhias
são gatilhos emocionais que podem
favorecer ou prejudicar decisões. Por
exemplo, a música pode relaxar ou
empoderar as pessoas. Um estudo
mostrou que, quando ouvida, esta
playlist com dez músicas (iTunes:
https://itunes.apple.com/br/playlist/no-stress/idpl.258bf1fd161341f8986a
48c035c86790
// Spotify:
https://open.
spotify.com/user/pfjarschel/playlist
/2HNcMEJ2XDe6IKzXY0FJ31
) reduz a
ansiedade das pessoas em 65%. Em
contrapartida, a música
We Will Rock
You
ouvida antes de uma atividade
esportiva melhora o desempenho
dos atletas. Portanto, configure seu
ambiente e as experiências de seus
públicos com foco em gerar as emoções
necessárias para alavancar as ações
que você deseja.
Nada no mundo tem
importância até que
nosso cérebro decida
seu valor. Esse órgão
tem o centro de controle
de nossa existência:
mude seu cérebro, e
seu mundo muda