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REVISTA LOCAWEB
Para Gilmar, a
disseminação de
boatos ocorre
porque as
pessoas não
se dão ao
trabalho de
ler com cuidado
as notícias
antes de
compartilhá-las
pessoas liam apenas o título ou, no máximo, o
primeiro parágrafo das matérias. Em 2006, havia
acontecido um acidente aéreo com um avião da
Gol. Então, ele criou uma notícia que dizia trazer
as fotos de dentro da cabine do avião. O primeiro
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os outros eram falsos e podiam ser facilmente
desmascarados. As imagens haviam sido
retiradas da série de TV
Lost
. O boato começou a
rolar solto! Em 2009, uma emissora boliviana até
mostrou as imagens na televisão, dizendo que
eram de um acidente que havia acontecido com
um avião da Air France.
LW:
Quais são as principais
características de uma notícia falsa?
GL:
Geralmente, os boatos apresentam certo
padrão. O primeiro fator é que não são datados.
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de semana”. Isso serve para que a notícia
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Por último, as manchetes marcantes são
importantíssimas para que as pessoas
compartilhem massivamente.
LW:
Qual foi o boato mais louco que
você já desmentiu?
GL:
Gosto muito de um que rolou logo no começo
do site. Vários lugares começaram a publicar
uma foto que mostrava um homem no topo do
World Trade Center. Atrás dele, vinha um avião
que, supostamente, era um dos que destruíram
as Torres Gêmeas no atentado. A imagem
tinha a data de 11 de setembro, e as notícias
diziam que a câmera que tirou a foto havia sido
encontrada nos destroços da tragédia. Aqui no
Brasil passou até na TV. Dei uma pesquisada e
vi que era uma montagem. O cara da foto, aliás,
era um apresentador de televisão que ainda
estava vivo.
LW:
Quanto tempo, em média, você
leva para descobrir se uma notícia é
real ou falsa?
GL:
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engavetadas por anos. Quando não tenho certeza
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não publicar algo errado. Dá medo de acabar
aumentando o boato. O interessante é que são
cíclicos, então, voltam de tempos em tempos.
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alguns anos.
LW:
As notícias falsas têm grande
potencial para prejudicar as pessoas?
GL:
Sim, principalmente quando são da área médica.
Vai que a pessoa deixa de fazer um tratamento
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Por isso, é preciso tomar muito cuidado antes de
enviar qualquer coisa para a frente.
LW:
Como você organiza o site?
GL:
Reservo sempre um caso por dia. Na
verdade, o site é como um segundo emprego,
porque também trabalho com desenvolvimento
de sistemas intranet e banco de dados. Para
alguns de meus leitores eu ainda tenho algumas
fontes extras de renda, como a indústria
farmacêutica e o Partido dos Trabalhadores
(PT). Pensam isso porque, às vezes, eu desminto
boatos sobre remédios e política. Recentemente,
o site lançou um canal no YouTube. Eu o utilizo
para mostrar casos mais visuais.
LW:
Você já compartilhou alguma
notícia falsa?
GL:
Algumas vezes. Há uns anos vi um vídeo de
um cara que estava enchendo um bote com a
boca. Uma criança vinha e pulava em cima do
barco. Nisso, a cabeça do homem explodia. Eu
acreditei. Fiquei chocado e até sonhei com isso.
Anos depois achei o vídeo completo e descobri
que era uma campanha publicitária da Inglaterra.
[
GERALMENTE, OS BOATOS APRESENTAM
CERTO PADRÃO. O PRIMEIRO FATOR É QUE
NÃO SÃO DATADOS
]
“USO A PRÓPRIA WEB PARA
CHECAR OS FATOS, O QUE
PROVA QUE QUALQUER
UM PODE FAZER ISSO”