GILMAR LOPES
NOVA MENSAGEM
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REVISTA LOCAWEB
Revista Locaweb:
Como pintou a
ideia de criar o E-farsas?
Gilmar Lopes:
A coisa começou a rolar em
2001. Eu recebia e repassava muitas histórias
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ajudando as pessoas. Um dia recebi uma sobre
uma menina com câncer. A mensagem dizia que
a cada mensagem repassada ela ganharia
R$ 0,05 centavos para o tratamento. A America
Online aparecia como uma das companhias
idealizadoras da campanha. Decidi checar se era
verdade e entrei em contato. Eles me disseram que
não tinham nada a ver com aquilo. Sabendo disso,
decidi enviar e-mail para meus amigos dizendo que
era tudo uma farsa. Com o passar do tempo, muitos
começaram a me enviar fotos e textos (vídeos não
eram tão comuns) para eu investigar. Decidi reunir
todas as descobertas em um único lugar em vez
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Ironicamente, a página que desvenda mentiras foi
lançada no dia 1º de abril de 2002.
LW:
Você usa algum tipo de
tática para desvendar os boatos?
GL:
Uso a própria internet. Assim,
provo que qualquer um pode fazer
isso. Em alguns casos, acabo
falando com as pessoas envolvidas
na farsa, mas é raro. Procuro
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empresas que estão supostamente
envolvidas com a notícia. Quando
é necessário, também dou uma
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LW:
Como você faz para
desmentir imagens que
foram usadas fora de
contexto ou montagens?
GL:
Costumo usar duas ferramentas: o Google
Images e o TinEye. Elas me ajudam a achar
montagens comparando as imagens com um banco
de dados. Lembro-me de um caso que dizia que um
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de três anos, tinha sido esfaqueado. A notícia trazia
uma foto de um cara morto. Joguei ela no TinEye
e descobri que a foto era antiga e de outro crime.
Em alguns casos, como em fotos de show, tento
procurar provas em vídeos que possam mostrar
algo ou comprovar que aquilo não é verdade.
LW:
Alguma vez você já tentou
desmentir uma notícia e percebeu que
ela era verdadeira?
Gl:
Algumas vezes, sim. A gente tem de tomar
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nem crítico. Uma vez vi algo sobre um preservativo
antiestupro criado na África. Ele tinha uns espinhos,
e me fez pensar que era mentira. Quando fui
pesquisar, vi que o produto realmente existia.
LW:
Você acredita que as mídias
sociais são peças-chave para ampliar
a disseminação de notícias falsas?
GL:
Sim. Antes era o e-mail. Agora, só mudou a
ferramenta de disseminação. Acredito que as
pessoas tomam essa atitude de compartilhar
sem checar por causa da grande quantidade
de informação disponível nas redes. Elas
deixam de filtrar o conteúdo e compartilham a
informação apenas pelo título ou depois de dar
uma leve passada de olho no conteúdo.
LW:
Você se lembra de algum
exemplo disso?
GL:
Uma vez o Carlos Cardoso, do blog
Contraditorium, quis provar que algumas
Crescimento do
site levou à
criação de um
canal de vídeos
no YouTube
Página recebe
cerca de 40 mil
visitas únicas
por dia e acaba
com diversos
boatos que
rolam nas redes