criptomoedas
37
REVISTA LOCAWEB
de lastro. Isso é, não têm poder
de troca no mercado. Elas não são
regulamentadas nem seguem os
fundamentos de moedas reais.
Por conta disso, Marcos afirma
que as criptomoedas nada mais
são do que a evolução do mercado
de câmbio negro. “O comércio
ilegal de moedas estrangeiras está
sendo substituído pelo Bitcoin e
suas vertentes. Isso porque você
não precisa declarar a origem do
dinheiro. É uma nova forma de
movimentar quantias ilícitas sem
precisar justificar nada”, garante.
Vale ressaltar que, por não ter
regulação, as moedas também
não precisam ser declaradas no
Imposto de Renda. Ou seja, não há
como as declarar.
Ainda de acordo comMarcos, a
implementação de criptomoedas
não é indicada para o pequeno
ou médio empreendedor com
fluxo de caixa muito justo. É que,
por elas seremmuito voláteis,
pode-se perder dinheiro a qualquer
momento. Um exemplo concreto
ocorreu em janeiro. O Bitcoin
despencou brutamente e perdeu
30% de seu valor. Na prática, se um
cliente de um e-commerce tivesse
comprado uma camiseta básica
por 0,0015 BTC no início do mês, no
final ele só estaria valendo 0,005
BTC. Assim, o faturamento de
R$ 40 teria caído para R$ 13,5.
Mas, por outro lado, o professor
da Mackenzie não acredita
que a moeda virtual deixará de
existir. “No futuro, ela deve se
adequar ao mercado financeiro e
ganhará credibilidade perante os
descrentes”, garante Marcos. Assim,
se investir emBitcoins e companhia
é um pouco mais arriscado,
aceitá-los em um comércio
eletrônico para atrair mais
consumidores pode ser algo
inteligente, desde que esteja
preparado para suportar as
oscilações de valores.
Panorama futuro
Mesmo diante do início
descendente de 2017, o Bitcoin
deve, segundo os especialistas,
manter sua dominância como
principal moeda digital em 2018.
A expectativa é que siga ditando
as tendências de alta e baixa no
criptomercado.
“As cotações vão flutuar, mas
acredito que devam subir nos
próximos meses, impactando os
usuários comnovos recordes. Essa
alta ocorrerá por causa do aumento
da procura por essas moedas,
de umamaior aceitação do
mercado e tambémde ummelhor
entendimento dessa tecnologia,
que pode trazer mais conformidade
e tranquilidade para os potenciais
investidores”, afirma Renato.
Para Berutti, a aceitação das
criptomoedas é um percurso
natural. Ou melhor, já é uma
realidade. “Nós, empreendedores,
não podemos deixar de oferecer
essa conveniência aos clientes.
Esperamos que a Reserva inspire
outras empresas a também entrar
nesta nova era, cada vez mais
digital e dinâmica”, comenta
o gerente de omni-channel e
experiência de compra do usuário.
É fato que a demanda popular
tem forçado o mercado a mudar.
O número de estabelecimentos
que aceitam criptomoedas deve
aumentar de forma exponencial
ao longo do ano. Em um futuro
não tão distante, Talysson até vê
os brasileiros na rua comprando
com cartões de débito que
podem ser carregados com a
moeda virtual – uma realidade
nos Estados Unidos e em alguns
países da Europa. Um cenário que
pode trazer muitos lucros para
alguns e prejuízos para outros.
Por enquanto, tudo parece uma
questão de cara ou cora.
Deixar de
implementar as
moedas virtuais
pode reduzir
um número
considerável de
possíveis clientes
para sua empresa,
segundo Renato,
da DBACorp
Marcos, professor de
economia na Mackenzie:
“As pessoas estão
comprando criptomoedas
sem ter um know-how
de finanças. Uma hora
ou outra, é provável que
percam dinheiro”