entrevista
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REVISTA LOCAWEB
Existemmétodos e estratégias
que ajudamos profissionais
a antecipar tendências de
mercado?
Se você é um trendwatcher
do tipo ‘eu sou Deus e vejomuitas coisas’,
precisa apenas dos olhos para enxergar
longe. No entanto, se quer construir uma
pesquisamais efetiva, é preciso contar
comum time. Infelizmente, isso custa
mais. Hoje, minhametodologia de
cool-hunting conta comuma enorme rede
de colaboradores espalhados pelomundo.
Acompanhamos as redes sociais, dos
millennials até a geração acima dos
50 anos, para catalogar cool-seeds, que são
as novidadesmais atrativas, inspiradoras
e capazes de definir tendências virais em
diversos lugares do planeta.
As redes sociais, então, são
ferramentas essenciais nesse
processo?
Acredito que sim, pois
diferentemente de grupos focais, em
que os participantes estão sempre
mentindo, nas redes sociais as pessoas
mentem menos. Além disso, por meio
dessas mídias, é possível analisar como
pensam e também o que procuram. É
melhor quando você consegue enxergar
dessa forma. O Google também
sabe disso. Se você, por exemplo,
esconde algum impulso relativo à
homossexualidade e procura por seus
interesses online, a ferramenta chega às
suas próprias conclusões. Socialmente,
você pode até negar ou compartilhar
uma informação desse gênero, mas o
Google sabe de tudo. Para ele, são os
nossos interesses que nos definem.
Como você vê o cenário
empreendedor ao redor do
mundo diante do que está por
vir?
O empreendedorismo tem se
tornado algo cada vez mais interessante
e que está numa fase importante. Isso
porque o mundo tornou-se plano no
âmbito dos negócios. Provavelmente,
seus pais o ensinaram que o planeta
é redondo, mas o cenário business foi
triangular por uns dois séculos, com
Europa e América no topo e, no fim,
os países em desenvolvimento. Hoje,
o mundo sob essa óptica é plano e os
empreendedores de qualquer lugar,
com uma ideia forte e tendo uma boa
conexão à internet, podem competir
igualmente. Isso gerou uma nova energia
e mais possibilidades de negócios.
Quais tipos de negócios,
por exemplo?
Há 10 ou 15 anos,
o fundador da Alibaba, um dos
maiores empreendedores do mundo
atual, não poderia ter feito o que faz
hoje, pois estava na China, país que
se posicionava no fim do mundo
triangular. Mas, com uma boa ideia e
uma boa conexão, está conquistando a
Terra. Já o vejo no mesmo patamar que
Steve Jobs, um dos grandes heróis do
empreendedorismo. Mas é importante
ter em mente que, se as oportunidades
são melhores, a concorrência também é
bemmais agressiva.
Poderia dar uma dica para
quem está começando uma
startup?
O poder de mudar o mundo
agora está na inteligência artificial,
na cloud computing e na internet das
coisas. Tudo isso está concentrado nas
mãos das grandes empresas, como
Facebook, Google e Baidu. Então,
se quiserem alcançar o sucesso, as
pequenas empresas devem se alinhar
às gigantes. Se a sua startup tem algo
que interessa aos principais grupos do
mercado, o ideal é vendê-la e, a partir
daí, absorver toda a inovação oferecida
por essas companhias.
Em todos os casos, vale a
pena vender uma startup assim
que uma empresa grande se
interessa pela ideia?
Se tem
potencial para se tornar o próximo Google
– e isso pode acontecer com fenômenos
como Snapchat –, há grande chance de
empresas grandes desejarem comprar
sua startup. Para as startups, é mais
seguro fazer algo inteligente e criativo,
que aumente as chances de a ideia ser
adquirida, do que galgar sozinha todos
os degraus até conquistar o planeta. A
filosofia de startup que saía da garagem
para dominar o mundo acabou.
As tecnologias compoder demudar omundo, como a inteligência artificial, estão nas mãos de poucas empresas
Socialmente, você
pode até negar ou
compartilhar alguma
informação de forma
privada, mas o Google
sabe de tudo. Para ele,
são nossos interesses que
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