Locaweb Edição 118
31 // capa / as donas do negócio // revista locaweb comecei a questionar os porquês de tudo”, lembra a empreendedora. Isso a levou a publicar em uma rede social um desabafo, no qual expressou a dor que sentia ao pensar em como equilibrar a vida materna com a profissional. “Olhava o LinkedIn e via todo mundo feliz com suas carreiras meteóricas, enquanto no Facebook o assunto é seios e amamentação. Aí, não me enxergava em meio a esses ambientes polarizados”, conta. O post na internet acabou se transformando em um café com mais de 80 mulheres que sentiam a mesma dor que Dani. As reuniões foram crescendo e, logo, passaram a contar com 500, 600, 1.500 mães que gostariam de empreender ou retornar ao mercado de trabalho. “Para mim, criar uma nova rede de apoio e ter essas pessoas por perto foi algo muito potente. Difícil, complexo e desafiador, mas repleto de felicidade”, diz. Com o grupo crescendo cada vez mais, Dani visitou o evento de uma aceleradora de startups, para transformar esse ecossistema em negócio. Foi aí que ela escutou que não poderia ser mãe e CEO de uma empresa, porque as duas coisas deveriam ser “full life" (ocupar a vida toda). “Então, fui estudar o modelo de negócio das aceleradoras e, em 2016, nasceu a B2Mamy, justamente para atender a esse mercado em que ninguém queria apostar”, conta. Como funciona A B2Mamy é a primeira empresa do Brasil desenvolvida para capacitar e conectar mães ao ecossistema de inovação e tecnologia. Hoje, a aceleradora atende dois perfis: mulheres que querem desenvolver suas startups e aquelas em situação de vulnerabilidade que buscam cursos de formação em profissões digitais. “Em ambos os casos, nosso único propósito é transformar mães emmulheres líderes e livres economicamente”, diz Dani. O modelo de negócio da aceleradora é B2B2C. Isso quer dizer que as marcas interessadas no trabalho patrocinam a aceleradora para criar programas específicos. “Elas nos pagam para desenvolver ações nas verticais de startup ou de capacitação”, explica a idealizadora. De acordo com Dani, após a abertura das inscrições, as mulheres devem se cadastrar para programas que duram de 30 dias a seis meses. “O registro também pode ser feito no nosso hub de inovação. Com um investimento anual de R$ 1 mil, é possível participar de todas as mentorias e dos eventos, além de usar a casa como espaço colaborativo.” Além de reunir essas credenciais, a Casa B2Mamy, localizada em São Paulo, transformou-se no primeiro hub de inovação family- -friendly do Brasil. “Percebi que precisávamos de um espaço onde as crianças fossem bem--vindas, e fiz um vídeo pedindo R$ 10 reais às mães que também acreditavam nisso. Captamos R$ 200 mil em cerca de 30 dias e começamos a construir esse ambiente”, lembra Dani. Aberto e seguro Com o crescimento do negócio, um dos objetivos é manter vivos os seus propósitos. “Temos uma cultura de ser gentil com as pessoas e agressivo com os números. Somos uma comunidade que abraça, mas que também é um ambiente de muita provocação para sair do lugar”, explica a idealizadora. “Para isso, é preciso atentar ao perfil de cada mulher, respeitando o fato de que as pessoas nem sempre estão na mesma posição de largada”, completa. A comunidade B2Mamy fomenta, ainda, uma série de outros grupos com objetivos diferentes, sempre com cuidado, carinho e atenção às questões de saúde mental. “Esse ambiente é fundamental para mostrar que é possível ganhar dinheiro e ser feliz no mesmo lugar”, diz a idealizadora. Dani acredita que, quando uma empreendedora cria uma empresa, ela gera novos empregos para outras profissionais. “Em um país impactado pelas demissões da pandemia, e que está longe do ideal na questão de equidade de gênero, nosso trabalho é impactar e dar voz para o máximo de mulheres.”
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