10 //entrevista //revistalocaweb @revistalocaweb Por que a gestão financeira é tão importante para a sobrevivência de pequenas e médias empresas? É preciso entender os números para tomar boas decisões. Quando um empreendedor encontra uma oportunidade de produto, serviço ou até de aquisição de uma nova máquina, por exemplo, ele precisa ter o básico de educação financeira para fazer cálculos e verificar se é viável contratar um financiamento para tirar a ideia do papel. É necessário identificar se o investimento que ele pretende fazer terá retorno e se será suficiente para pagar o financiamento. Vejo muitos empresários que tomam esse tipo de decisão sem fazer qualquer análise. Depois, quando o contrato com o banco já está assinado, percebem que não é algo sustentável para o negócio. Quais são os maiores desafios enfrentados pelas PMEs quando o assunto é organização financeira? O principal (desafio) é a falta de metas esclarecidas. Muitos pequenos e médios empresários não sabem, por exemplo, quanto precisam faturar ou quais tipos de compromissos podem assumir. Há também os que evitam dívidas, mas não analisam que, muitas vezes, ao tomar uma decisão assertiva, as dívidas podem trazer receita. É preciso estabelecer objetivos financeiros e ter um orçamento realista. Todos os empreendedores devem conhecer seus custos e saber quanto é necessário ter para acender a luz do negócio no primeiro dia de cada mês. A centralização também pode prejudicar as finanças de PMEs? Sim. Muitos PMEs acreditam que dão conta de tudo sozinhos. Um empresário pode achar que não vale a pena contratar uma recepcionista, por exemplo, já que ele mesmo consegue responder mensagens de clientes no WhatsApp. O problema é que ele não considera quantas vendas perde porque demora para responder ou não dá o retorno esperado. Em alguns casos, o salário de um funcionário específico para essa função seria capaz de aumentar o faturamento da empresa. Nem sempre é uma questão de poupar, mas sim de ter um orçamento realista. Qual é a importância de construir uma reserva de emergência? Reservar valores para emergências pode ser determinante, porque as empresas sempre passam por momentos difíceis. Os empreendedores sabem da importância disso, mas, mesmo assim, não costumam criar esse tipo de poupança. Porém, isso precisa se tornar um hábito, nem que seja para guardar R$ 20, R$ 50 ou R$ 100 por semana dentro de um cofre de porquinho. É comum ver pequenos e médios empreendedores que misturam as despesas pessoais com as da empresa. Como isso pode impactar a saúde financeira de um negócio? Costumo dizer que o empreendedor tem duas famílias. A primeira é a que está em casa, e a segunda é a empresa. Quando ele mistura as duas, não consegue identificar qual está doente. Por isso, é fundamental ter duas contas correntes com cartões próprios, sendo uma da pessoa jurídica e a outra da pessoa física. É importante nunca pagar algo pessoal diretamente com a conta jurídica. Caso precise do dinheiro, será necessário transferi-lo para a conta da pessoa física, utilizando-a para realizar o pagamento. No final do mês, o empresário tira o extrato da conta da empresa e identifica todas as transferências que fez para a conta pessoal. O valor total será o pró-labore. O reinvestimento é uma boa estratégia para PMEs? O que é preciso levar em consideração antes de tomar esse tipo de iniciativa? O hábito de reinvestir é essencial para fazer qualquer negócio crescer. O empreendedor só não pode se esquecer de separar os valores referentes à reserva de emergência – que será essencial em possíveis momentos de dificuldade.
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