10 //entrevista //revistalocaweb @revistalocaweb Como foi o início de sua trajetória profissional? Sou formado em engenharia mecânica, mas nunca trabalhei na área. Comecei minha carreira no programa de trainees do Grupo Abril, no qual passei um ano circulando por várias áreas. Em determinado momento, comecei a atuar no departamento de assinaturas, que estava desenvolvendo um projeto de vendas pela internet. Essa experiência anterior te ajudou a se preparar para atuar na Locaweb? Sim. Assinaturas é um dos pilares estratégicos da Locaweb até hoje. Se há garantia de entrega, há também de receita. Podemos dizer que ela é uma empresa de “assinaturas”, pois há uma recorrência mensal de pagamento. Além disso, minha experiência na editora foi uma vivência muito interessante em termos de marketing digital. Eu tinha de vender mais de 30 títulos de revistas, cada um de um jeito e para diferentes perfis de consumidor. Como um profissional se transforma em gestor? No meu caso foi natural. Em uma empresa, você se torna um líder quando tem algo a ensinar aos outros. A conquista é muito mais por você ser experiente do que simplesmente porque alguém te colocou naquela posição. Por isso, sempre digo para as pessoas pensarem em ciclos e no crescimento que acontece sem que elas percebam. Você cresce, conquista complexidade e encerra um ciclo. Faz um novo ciclo, ganha mais complexidade e recebe ajuda de outras pessoas. Naturalmente, os profissionais abaixo de você te empurram para cima. Como a mentalidade de crescimento espontâneo te ajudou dentro da Locaweb? Foi com base nela que me tornei CEO. Nunca pedi ao Gilberto Mautner ou mesmo ao meu ex-chefe, o Flavio Jansen, que ocupou o cargo até 2018, para ser CEO. Estava focado em tocar a minha operação de CMO e depois de Diretor de Unidade, de forma a dar robustez a elas. Essa constância me empurrou para a posição que ocupo hoje. Você participou ativamente de todo o processo de IPO da Locaweb. Quais foram os fatores que levaram ao sucesso dessa iniciativa? Uma das principais razões é que sabíamos o que queríamos. Na época, tínhamos alcançado ótimos resultados com as aquisições de marcas como Tray, Tray Corp, AlliN, Kinghost e Delivery Direto. A ideia era continuar nessa linha e crescer ainda mais na área de e-commerce, que já representava 25% da nossa receita. Quando fomos fazer o IPO, dissemos que queríamos dinheiro para desenvolver o ecossistema por meio da compra de outras companhias. Hoje, posso afirmar que alcançamos o objetivo. Por isso, é importante saber o que se quer e correr atrás para conquistar. Saber explorar diferentes talentos e competências é um dos segredos para alcançar o sucesso dentro de uma empresa? No dia em que cheguei à Locaweb, dois fundadores já foram para o conselho. Em questão de um ano, todos saíram da gestão, do dia a dia. Isso foi um processo muito assertivo. Os criadores do negócio foram visionários fantásticos. Porém, uma coisa é ter a ideia na hora certa, outra coisa é alguém pegar uma empresa que fatura R$ 380 milhões e fazê-la faturar R$ 1 bilhão, como aconteceu comigo. São skills diferentes. Não tem melhor ou pior. Eu, por exemplo, não sou um fundador. Não tenho essa capacidade. No entanto, tenho a competência de pegar uma empresa e levá-la para um IPO, como fiz com a Locaweb.
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