Locaweb Edição 129
10 // entrevista // revista locaweb @revistalocaweb De quais maneiras a representatividade é importante para levar mais mulheres ao mercado? Os brinquedos para meninas continuam a explorar casinhas, bonecas e panelas, enquanto os de meninos envolvem dinâmicas que incentivam aventura e raciocínio. Além disso, o público feminino não costuma ser representado em áreas como Ciências e Engenharia no cinema e na televisão, por exemplo. Portanto, muitas garotas ainda não enxergam um modelo para seguir. Mas acredito que, se continuarmos falando que somos pioneiras e que tecnologia é para todos, começaremos a derrubar os estereótipos e os preconceitos. Em qual contexto surgiu o desejo de mudar a disparidade de gênero na tecnologia? Trabalhei com desenvolvimento de software para celulares entre 2006 e 2008, até que engravidei do meu filho caçula e dei uma pausa na carreira. Quando decidi voltar para o mercado de trabalho, quase 10 anos depois, percebi que eu era minoria e que existia uma grande desigualdade de gênero na área. Foi assim que surgiu a Elas Programam. Comecei a entrar em contato com comunidades e iniciativas do setor, fiz um bootcamp e criei um grupo no Facebook voltado para mulheres com interesse em programação e carreiras de tecnologia. Ao longo do tempo, o projeto se reinventou e foi transformado na consultoria que é atualmente. Como a consultoria trabalha? A Elas Programam presta serviços para companhias que desenvolvam projetos cujo objetivo é criar oportunidades para as mulheres ingressarem na área. Além de parcerias com consultorias que fazem hunt de talentos, criamos conteúdo para o Instagram, com foco no público que deseja entrar em uma escola de tecnologia. Somado a isso, atuamos com gerenciamento de marca, produzindo material e firmando parcerias com empresas para aproximá-las da comunidade do Elas Programam. Atualmente, também sou Top Voice no tema equidade de gênero dentro do Instagram e do LinkedIn. Por que esse tipo de iniciativa exclusiva para mulheres é tão importante? Quando nos conectamos e nos unimos nessas comunidades, as mulheres se fortalecem e crescem juntas. Essa união acaba impulsionando a carreira de muitas delas, seja por meio de workshops, mentorias, cursos e formações, seja por conexões com empresas que também estão engajadas em contratar funcionárias. Isso cria um ecossistema poderoso de fortalecimento e inserção no mercado de trabalho. A Elas Programam tem um podcast que conta histórias de sucesso. Qual é o impacto de dar voz a essas profissionais? Criei o podcast com o objetivo de mostrar as histórias de mulheres que estão trabalhando na área. Já conversei com pessoas de diferentes idades, perfis e formações, e posso dizer que conhecer essas jornadas reais pode virar a chavinha na cabeça de muita gente. Quando ouvimos histórias que são parecidas com a nossa [jornada], passamos a acreditar que também é possível para nós. Uma vez, falamos sobre uma mãe que tinha mais de 40 anos, era formada em Letras e queria trabalhar como programadora. Uma ouvinte se identificou [com a história] e ficou inspirada a ponto de se matricular em uma faculdade. Hoje, ela trabalha em uma multinacional. Muitas vezes, basta uma inspiração para despertar confiança e gerar uma grande transformação interna. Quais são as suas dicas para as profissionais que estão iniciando agora e buscam sucesso neste ramo? A primeira dica é ter confiança. Os homens já começam na área acreditando em seu potencial. As mulheres, por sua vez, tendem a ficar mais inseguras. Isso faz com que elas já comecem o jogo perdendo. Há todo um universo dizendo que a tecnologia não é para o público feminino, mas é necessário superar esses obstáculos. É preciso entender que a área é para todos e ser capaz de desenvolver a autoconfiança. Como você enxerga a presença das mulheres na área nos próximos anos? Sabemos que a diversidade é um motor de inovação e tem potencial para fazer com que as empresas cresçam economicamente. Então, em um mercado predominantemente masculino, fica difícil acelerar a inovação. Por isso, quanto mais mulheres estiverem envolvidas em todas as áreas, mais diversidade e criatividade o mundo terá para desenvolver soluções que vão melhorar a vida das pessoas.
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