Locaweb Edição 127

10 // entrevista // revista locaweb @revistalocaweb Por que as startups conseguem aprender e se adaptar commaior rapidez? Como são empresas em estágio inicial, elas têmmenos comprometimento com processos e estrutura – diferentemente de uma grande companhia, na qual as decisões costumam gerar movimentações maiores. Podemos comparar as startups com um jet ski e as grandes corporações com um transatlântico. Este último é feito para levar um grande volume de pessoas com alta eficiência e rentabilidade. Já o jet ski pode até não ter toda essa eficiência e rentabilidade, mas consegue mudar de direção muito mais rápido. Qual é o atual cenário de inovação e empreendedorismo no Brasil? Ainda estamos passando por um efeito pós-pandemia, pois esse período provocou mudanças profundas no mercado de startups e inovação. Muitas empresas sofreram bastante com esse novo cenário, devido a baixa demanda. Por outro lado, também vimos muitas que cresceram, a exemplo do Zoom, das soluções de pagamentos online e das companhias que oferecem atendimento remoto via WhatsApp. Como o perfil de demanda do consumidor mudou, vimos várias adequações por parte das companhias. E isso vai continuar mudando, especialmente em um novo cenário econômico e político que vai influenciar o comportamento de todos os brasileiros. Quais dicas você dá para quemdeseja começar a empreender no Brasil? Recomendo montar um plano e definir critérios que possam ajudar a entender se ele está dando certo ou não. A maioria das pessoas cria um negócio sem saber o que esperar dele. Elas não definem a qual tamanho querem chegar ou com qual velocidade querem crescer. Entretanto, é muito importante traçar essas expectativas de forma clara, e não apenas em termos financeiros, mas também de clientes e mercado. Assim, fica muito mais fácil tomar decisões e seguir em frente de maneira saudável. Como a análise de dados pode ajudar a alavancar negócios? Isso é fundamental. Temos uma infinidade de ferramentas e inteligências que podem entregar com clareza ao empreendedor uma grande diversidade de informações determinantes. Há 20 anos, por exemplo, era muito mais difícil entender o próprio negócio e saber se ele tinha boas perspectivas. Atualmente, por sua vez, com tantos recursos gratuitos e online, é possível ter todos os números importantes na palma da mão. Isso significa que o trabalho de interpretar métricas nunca foi tão fácil. Quais são os tipos de investimentos mais comuns recebidos pelas startups brasileiras? Existem três fontes principais. A primeira é chamada de FFF, que quer dizer Family, Friends and Fools (Família, Amigos e Tolos, em tradução livre), e está relacionada ao uso de dinheiro próprio, de familiares, de amigos e de outras pessoas que acreditam no negócio. A maioria das startups começa assim. Já os investidores- anjo são a segunda fonte de investimento mais frequente. Normalmente, são executivos ou pessoas que já empreenderam, fizeram um bom patrimônio e, hoje, usam esses recursos para investir em negócios. Por último, em terceiro lugar, temos os investidores institucionais, grupo que inclui os fundos de investimentos e as aceleradoras, como é o caso da ACE Startups. Nós olhamos para os negócios como um produto financeiro, com o objetivo de investir e revender em ummomento do futuro. Qual é o seu conselho para quem está em busca de investimento? Faça networking e entre em contato com os investidores, mesmo se a empresa ainda estiver no começo e longe do momento de receber capital. Esse relacionamento vai trazer um feedback muito valioso para você conseguir trabalhar melhor o negócio. A maioria das empresas nas quais investimos na ACE Startups, por exemplo, são projetos que já conhecemos e acompanhamos há alguns anos. Portanto, a melhor dica para quem está pensando em buscar investimento é começar hoje. Vá a eventos e converse com as pessoas. Quais as expectativas para o futuro da inovação e do empreendedorismo no Brasil? São as melhores possíveis. Nos últimos anos, vimos diversos locais se tornando polos de inovação, criando riquezas para suas nações e transformando o planeta. Hoje, não conseguimos imaginar o nosso dia a dia sem as empresas do Vale do Silício, por exemplo, como Google, Apple e Uber. Por isso, nossa expectativa é trazer um pouco dessa disrupção e dessas mudanças para o Brasil, afinal, temos empreendedores de altíssimo nível e somos um dos países que mais empreende.

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