Locaweb Edição 126
10 // entrevista // revista locaweb @revistalocaweb Hoje, quais são os principais obstáculos que impedem os brasileiros de investir e empreender no mercado financeiro? O principal obstáculo são as crenças limitantes sobre dinheiro. O brasileiro tem medo de investir porque já escutou que alguém teve prejuízo. Além disso, as pessoas não têm uma relação saudável com o dinheiro. Muitas vezes, a mídia também não favorece, já que não tem a cultura de comunicar, ensinar e informar a respeito do tema, o que acaba afetando a visão relacionada ao assunto. Pouco a pouco, precisamos mudar esse cenário e trazer mais gente para o mercado financeiro. De quais maneiras a tecnologia transformou o trabalho dos day traders? A tecnologia ajudou muito o trabalho dos day traders e dos investidores como um todo. Antes, havia o fim do pregão viva-voz, com empurra-empurra e gritaria. Na época em que eu entrei, o pregão se tornava eletrônico, o que trouxe o acesso digital – facilitando tudo. Outro ponto importante é que, antigamente, a corretagem era cara. Hoje em dia, ela é acessível a qualquer pessoa que deseje se tornar investidora. Para melhorar ainda mais, atualmente já é possível investir, literalmente, em qualquer lugar, basta ter um celular e acesso à internet. Como as soluções tecnológicas se posicionam no dia a dia desses profissionais? As plataformas auxiliam muito a tomada de decisão. Antes, era necessário abrir uma conta e aplicar dinheiro de verdade para aprender a investir. Hoje, há uma ferramenta incrível chamada simulador, na qual se opera com dinheiro de mentira em operações reais da Bolsa de Valores – um excelente treino antes de entrar no mercado de verdade. Na plataforma da Atom, por exemplo, temos também uma avaliação, um limite chamado "stop loss", que evita a perda total dos investimentos realizados. Assim, pode-se aprender com mais segurança sobre gestão de risco e como ser saudável no mundo dos investimentos. Afinal, os riscos fazem parte do processo, mas a pessoa não precisa se arriscar desnecessariamente. Por fim, há ainda o chamado replay de mercado, com o qual é possível reviver o mercado mesmo quando ele estiver fechado, como à noite e aos fins de semana. Você confia que o mercado financeiro ofereça oportunidades para quem quer inovar e empreender? Sem dúvida o mercado financeiro é cheio de oportunidades, além de englobar diversas profissões. Um agente autônomo de investimentos, por exemplo, demora três meses para estudar e pode ganhar, em média, R$ 18 mil por mês. Como gestor, dá para ganhar cerca de R$ 100 mil. Mais do que isso, surgiram os bancos digitais e os consultores financeiros. Acredito que, com mais pessoas falando e empreendendo nesse setor, teremos muita gente construindo patrimônio de forma mais inteligente. Como investidora do "Shark Tank Brasil", quais são as principais características que você valoriza em uma empresa? Em primeiro lugar, a paixão do empreendedor. Quando você está apaixonado pelo seu negócio, você faz o que precisa ser feito. Isso me chama atenção e é uma das características que busco na hora de investir. O segundo ponto que levo em consideração são os números. É preciso ter tudo na ponta da língua. Tem de ter propósito, mas não pode abandonar o caixa. É essencial conhecer o negócio para poder crescer. Além disso, também olho se o empresário tem domínio da situação. Digo isso porque muitos que buscam investimento ainda estão na fase da ideia ou nem mesmo são das respectivas áreas. É muito importante que quem esteja na liderança conheça o mercado, para não se tornar refém da opinião de outras pessoas. Uma empresa de tecnologia que não tenha um sócio programador, por exemplo, vai ficar refém dos conhecimentos de terceiros. Qual é a importância da humildade nesse contexto? Todo empresário deve entender que ele não sabe de tudo e que é preciso estudar o tempo todo para poder evoluir. Gosto muito do famoso conceito de “smart money”. Só entro em negócios nos quais eu possa agregar para além do suporte financeiro. Não busco empreendedores que já tenham todas as respostas, mas sim aqueles que saibam fazer todas as perguntas.
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