Locaweb Edição 125

10 // entrevista // revista locaweb @revistalocaweb A acessibilidade digital está prevista na legislação brasileira? Sim. Hoje, temos a Lei Brasileira da Inclusão (LBI), na qual o artigo 63 fala claramente sobre a obrigatoriedade de todos os sites no Brasil serem acessíveis de acordo com os parâmetros internacionais mais modernos, chamados de Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (conhecidos, em inglês, pela sigla WCAG). Eles indicam o que um site deve ter em termos de recursos acessíveis para que todas as pessoas, independentemente de suas necessidades específicas, consigam navegar na internet com autonomia, conforto e segurança. Mesmo com a legislação, por que muitos sites ainda não são adaptados? Um site construído sem se preocupar com acessibilidade é semelhante a um edifício que foi projetado dessa mesma maneira. Uma construção sem rampas, vagas reservadas e banheiros adaptados, por exemplo, pode até se tornar acessível, mas isso vai exigir um investimento enorme de tempo e dinheiro. O mesmo acontece com uma página web desenvolvida sem pensar nas diretrizes de acessibilidade do código. Como muitos ainda veem o assunto apenas como algo social, as empresas não conseguem enxergar os benefícios de fazer esse esforço e acabam esquecendo que pessoas com necessidades específicas também consomem na internet. Como a tecnologia pode ajudar a mudar esse cenário? Com a chegada de novas tecnologias, como inteligência artificial e machine learning, fica muito mais simples transformar um site inacessível em um ambiente totalmente acessível. Isso é feito de forma rápida e automática, a um custo muito baixo. É a tecnologia agindo em favor da inclusão digital. Você foi o responsável por trazer de Israel uma nova tecnologia que ajuda a garantir sites mais acessíveis, certo? Sim. A startup EqualWeb tem uma tecnologia que foi criada há oito anos, em Israel. Há dois anos, a trouxemos para o Brasil justamente porque vimos como o tema ainda é pouco debatido no País. Começamos a falar sobre o assunto por aqui durante a pandemia de covid-19, que acelerou a transformação digital. Com isso, muitas empresas correram para marcar presença na internet, mas deixaram a acessibilidade de lado. O resultado foi que pessoas com necessidades específicas precisaram da ajuda de terceiros para realizar operações simples do dia a dia durante o período de isolamento. E foi aí que a startup começou a ser muito bem-aceita no Brasil, onde já temos mais de 100 clientes. Na prática, como o serviço da EqualWeb funciona? O serviço é disponibilizado no modelo de Software as a Service (SaaS). De maneira geral, ele é aplicado de forma muito rápida, apenas com a inserção de uma linha de código JavaScript no site do cliente. Com isso, conseguimos inserir o nosso widget, que tem ummenu com 31 recursos de acessibilidade. Em quais formatos essas funcionalidades são entregues? Oferecemos três planos, e cada um deles conta com um número de recursos de acessibilidade. A opção de entrada, voltada para pequenas empresas, por exemplo, inclui as 20 tecnologias mais básicas. Já o pacote intermediário conta com 25 funcionalidades. O plano Total Accessible, por sua vez, tem todas as 31 tecnologias disponíveis e é indicado para grandes companhias. Emquanto tempo as ferramentas já podem estar online? São só cinco minutos. É o tempo de gerar a linha de código para o domínio que vamos acessibilizar. Entregamos isso para o cliente, e, a partir daí, são mais alguns minutos para que ele consiga colocar o código no lugar indicado. Com isso, já podemos alcançar até 85% de conformidade em relação ao parâmetros WCAG. Adotar recursos de acessibilidade digital é um diferencial importante para PMEs? A acessibilidade digital ainda não está na agenda das grandes empresas, muito menos das pequenas. Entretanto, estamos conseguindo trazer maior atenção e evidência ao tema. Como menos de 1% dos sites do Brasil são acessíveis, qualquer negócio que investir nisso agora vai ter um diferencial importante, saindo na frente dos outros, já que existemmilhões de consumidores carentes de produtos e serviços pensados para eles. A minha esposa, por exemplo, usa cadeira de rodas há 24 anos. As necessidades de acessibilidade dela influenciam o meu comportamento e o dos meus filhos. Por isso, um site acessível é capaz de conquistar não só o consumidor com necessidades específicas, mas também as pessoas que estão ao redor dele.

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