Locaweb Edição 114

30 // feed / ESG // revista locaweb Marcus Nakagawa, professor e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS). Segundo o profissional, o ESG é fundamental para retomar as bases e ajudar os negócios a alinhar visões e valores cada vez mais valorizados pela sociedade. De acordo com Jefferson, as empresas que estão trabalhando bem suas ações dentro do conceito, integradas à estratégia e ao plano de ação, têm colhido uma série de benefícios. “Para começar, elas estão se mantendo influentes em um mercado que progride rapidamente e levará à falência quem não estiver prestando atenção no cenário geral. De quebra, há redução de custos com otimização de recursos, atração e retenção de profissionais e, futuramente, diminuição de tributos”, destaca. É fundamental ter em mente, ainda, que o consumidor está claramente preocupado com o impacto dos produtos e empresas nos quais investe seu dinheiro. Marcus destaca que os millennials (geração de pessoas nascidas entre 1981 e 1996), por exemplo, adquirem cada vez menos de " Who Care Wins " , de 2004. O conceito nasceu como uma provocação do então secretário- geral da ONU, Kofi Annan, a CEOs de grandes instituições financeiras sobre como trazer fatores sociais, ambientais e de governança para o mercado de capitais. “O alerta de Annan deixou claro que o assunto iria crescer e viria a se tornar crítico para que um negócio fosse bem-sucedido daí em diante”, destaca Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG da KPMG, rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de auditoria e aconselhamento. Dezessete anos depois, há um consenso de que chegou a hora de agir. Afinal, o mundo passa por ummomento de foco em ações voltadas para solucionar problemas concretos dentro dos temas ambiental, social e governança. “O ESG não é novo e já passou por outras ondas. A questão agora é que o tema, enfim, está recebendo a devida atenção do mercado financeiro e dos principais dirigentes do mundo”, destaca Jefferson Kiyohara, diretor de compliance e sustentabilidade da ICTS Protiviti, especializada em soluções para gestão de riscos, proteção e privacidade de dados, entre outros setores. Na prática, isso deve impactar as relações comerciais das mais variadas maneiras. “Ao pedir um empréstimo, por exemplo, uma empresa poderá pagar menos juros por adotar uma agenda ESG ou simplesmente ter o crédito recusado por ser considerada grande geradora de carbono. Esse é apenas um dos cenários previstos que devem se transformar em realidade muito em breve", aponta Jefferson. A hora é agora Historicamente, as empresas nasciam para atender as demandas e necessidades da sociedade. “Ao longo dos séculos, contudo, essa missão foi se perdendo, com muitos negócios criados apenas para dar lucro a qualquer custo – isso sem contar os que se desvirtuaram no meio do caminho”, destaca Como a pandemia afetou a agenda ESG? O Environmental, Social and Governance (ESG) ganhou força com o avanço da covid-19 pelo mundo. “A pandemia deixou claro que existe uma interdependência das organizações dentro de um ecossistema, assim como ressaltou a fragilidade de um recurso tão importante: o capital humano”, explica Jefferson Kiyohara, diretor de compliance e sustentabilidade da ICTS Protivit. A partir daí, criou-se um senso de urgência na aplicação do conceito. “Os empecilhos e desafios do período mostraram que, mais que dar lucro aos acionistas, as empresas devem dedicar atenção aos seus papéis sociais e ambientais”, afirma Jefferson. Hoje, não faltam exemplos de quem virou a chave de maneira instantânea, apoiando a construção de hospitais e a compra de equipamentos e insumos ou ajudando famílias em situação de vulnerabilidade. O ranking Best For The World, desenvolvido pela organização B Lab para ressaltar companhias com boas práticas de ESG, lista 39 marcas brasileiras, em meio a 750 companhias ao redor do mundo. Entre elas estão YouGreen e Natura. Marcus, do CEDS, destaca que os millennials compram cada vez menos de marcas que descumpram questões éticas ou façam testes com animais