Locaweb Edição 98

entrevista 12 REVISTA LOCAWEB Como nasceu o prazer pela cozinha? Foi aos pouquinhos. Quando era pequeno, por volta dos 9 anos, ficava em casa sozinho com minha irmã, de 11 anos na época. Um dia, quis esperar minha mãe chegar do trabalho com o jantar pronto, mas não entendia nada de cozinha. Simplesmente peguei uma panela e coloquei várias coisas dentro dela, tudo cru: arroz, feijão, sal, água e vários temperos. Claro que a experiência não deu certo. Minha mãe levou um susto quando chegou em casa e viu a panela de comida crua e cheia de água. Lembro-me de que tomei uma bela bronca, porque estraguei a comida – já que, na época, era tudo contadinho em casa. Mesmo assim, insisti em continuar trabalhando na cozinha, porque queria ajudar. Meu sonho era receber minha mãe com a janta pronta, até que ela decidiu me explicar como funcionavam as coisas. Aprendi a mexer com facas, panela com água fervendo e óleo quente. Comecei fazendo um café da manhã delicioso. Coloquei-o na bandeja e o servi na cama para minha mãe e minha irmã. A partir daí, não parei mais. E o meu amor pela cozinha só cresce. Como foi o processo de transformar o hobby em uma atividade profissional? Fiz alguns cursos de culinária para poder aprender algumas técnicas, mas aprendi o básico da profissão em casa, mesmo. Acredito que comandar as panelas é um ato de amor. Como diz o famoso Chef Gusteau, da animação “Ratatouille", "qualquer um pode cozinhar". Além disso, eu sempre busco inspirações na internet. Como é gerenciar o próprio negócio? A Downlicia cresceu e, de repente, as vendas aumentaram muito. Por isso, criamos uma conta MEI para emitirmos nota fiscal e atendermos os pedidos de grandes empresas de forma profissional. Hoje, o gerenciamento envolve diversos processos. Temos uma agenda para controlar os pedidos, horários de entrega e endereço. Minha mãe ajuda no controle das encomendas e do estoque. Enquanto isso, faço os brigadeiros que serão vendidos. Como acredita que pode inspirar outras pessoas a seguirem seus sonhos por meio do empreendedorismo? Todos nós temos algumas limitações. O essencial é não se paralisar diante das dificuldades. Ao superar meus próprios limites e compartilhar as conquistas com os seguidores, acredito que consigo mostrar a outras famílias e pessoas com deficiência que tudo é possível. Basta encontrar nosso propósito de vida. Isso é muito importante, pois hoje temos poucas pessoas com deficiência na mídia para nos mostrar que também podemos e conseguimos ser o que quisermos. Quando divido minha rotina e meus trabalhos, mostro novas possibilidades para a sociedade. Poucas pessoas acreditam que podemos ser nós mesmos, que a gente consome, que temos desejos e somos como qualquer outra pessoa em busca de espaço. Como a tecnologia se insere nesse conceito: Qual é sua relação, por exemplo, com as redes sociais? Eu amo a conexão que as redes sociais promovem. Por meio delas, posso compartilhar meus trabalhos e conhecer muitas pessoas. Fiz amigos e sou grato por isso. Adoro gravar vídeos para o YouTube, stories para o Instagram e o Facebook. No início das vendas dos Brigadeiros Downlicia, muitas pessoas duvidavam que era eu mesmo que os fazia. Por meio das gravações e fotos, pude compartilhar e provar que era capaz de produzir coisas gostosas. Melhor que isso, tive a oportunidade de mostrar, de uma forma leve, que minhas limitações não me impediam de cozinhar. As redes sociais serviram como uma fonte de empoderamento para mim. Hoje, como você usa a internet para promover a Downlicia? A internet é uma ferramenta poderosa para meus negócios. No início, cresci apenas com o tradicional boca a boca. Foi graças às redes sociais, no entanto, que a Downlicia aumentou a produção. Recebo muitas mensagens via direct dos posts de stories dos trabalhos que faço, assim como via LinkedIn. Você tem alguma equipe para ajudá-lo nas publicações online? Tenho uma equipe, e das boas. Minha mãe, Martha, me ajuda com as gravações para o YouTube. Já a Carol, minha irmã, gerencia as redes sociais. Enquanto isso, o sócio da agência de marketing Tubelab, Fred Furtado, fecha as parcerias com grandes marcas para as minhas redes. Qual mensagem você deixa para quem quer começar a empreender? Não desista. Não é fácil, não cai do céu, cansa muito, tem horas em que dá desânimo e vontade de parar, mas permaneça firme e forte, porque no final tudo vale a pena. Quando acordo às 5h para entregar brigadeiros para meus clientes, fico com preguiça como qualquer um. Mesmo assim, levanto e vou lá fazer o trabalho. Afinal, o prazer de entregar [o produto] e receber um feedback de que foi o melhor brigadeiro que o cliente já comeu não tem preço! As redes sociais serviram como fonte de empoderamento para mim. Pude mostrar, de uma forma leve, que minhas limitações não me impediam de cozinhar Poucas pessoas acreditam que podemos ser nós mesmos, que a gente consome, que temos desejos e somos como qualquer outra pessoa em busca de espaço

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