Locaweb Edição 95

empreendedorismo feminino 37 REVISTA LOCAWEB Ana Beatriz Figueiredo, mais conhecida como Bia Figueiredo, é a primeiramulher a correr na Fórmula Indy e a vencer na Firestone Indy Lights, e tambéma pioneira no Brasil emconquistar um lugar no grid e disputar as 500Milhas de Indianápolis. Entre muitos outros títulos, Bia ainda tem tempo para participar de eventos, dar palestras, ser conselheira, investir emaplicativo e arriscar- -se como repórter do programa “AutoEsporte”, da Rede Globo. Quando surgiu sua paixão e como foi fazer carreira no automobilismo? Eu estou nesse universo há 26 anos. Consegui firmar relacionamentos comdiversas pessoas e nas mais variadas situações – desde comermarmita no chão do box comosmecânicos até conversar comministros e comestrelas de Hollywood. Tive a oportunidade deme aventurar fora das pistas também, dando palestras, organizando eventos com patrocinadores e investindo em tecnologia. Sou filha de um psiquiatra e uma dentista, não tenho parente algumde primeiro grau que temhistórico nomundo do automobilismo. Mas brincava no volante do carro domeu pai com 3, 4 anos de idade, e ele viu que eu gostava desse ambiente. Com7 anos, entrei na escolinha de kart. Aos 8, comecei a correr. Como mulher, quais foram as suas principais dificuldades ao longo da carreira? Quando comecei, em1994, era raríssima a presença feminina nessemeio. Na escolinha de kart, os garotosme olhavamcomo se eu fosse umET. “Oque ela está fazendo aqui?” Osmecânicos, as famílias e outrasmulheres ficavamdando indiretas, do tipo: “Por que essa menina está tentando ser ummenino?” Sempre tevemuito preconceito, mas comomeus pais me incentivavammuito, nunca colocaramessa diferença naminha cabeça. Quando as pessoasme questionavam, falava “É lógico que eu posso chegar ao topo”. E comosmeus bons resultados, acabei conquistando o respeito dos outros competidores. Hoje, não sintomais esse distanciamento. Oautomobilismo temabraçadomais asmulheres? Na Stock Car, só hámais uma, minha engenheira, Rachel Loh. Mas, de forma geral, a presença feminina temaumentado emelhorado. Antes, asmulheres tinhamvergonha de falar que gostavamde automobilismo, com medo de as pessoas acharemque elas erammuitomasculinas. Hoje, vejo que elas estão cada vezmais engajadas e participativas nesse universo. Aquelemovimento de “lugar demulher é onde ela quiser” estámesmo cada vezmais forte. Como você se tornou embaixadora e investidora da Lady Driver, um aplicativo de transporte exclusivo paramulheres? Sempre gostei muito de ler a respeito de investimentos e novidades. Adoro tudo o que envolva tecnologia. Umdia, a Gaby Correa, fundadora do aplicativo, fez contato comigo a respeito de uma reportagempara o Instagramdeles, e achei a proposta da plataforma superinteressante. Algumas amigas começarama usar o Lady e falavam: “Esse aplicativo é a sua cara, tem tudo a ver comvocê”. E temmesmo, porque, de alguma forma, meu ideal é aproximar mais mulheres do volante. A Gaby também pensava nisso e, então, entrei como embaixadora e investidora. Meu trabalho é atrair investimentos e parcerias comerciais para o app. A gente se fala todos os dias para planejar negócios e novas ações. Oquemais chamou atenção na proposta do aplicativo? Muitas meninas cresceramouvindo quemulher não sabe dirigir e acabaram ficando sugestionadas para a vida toda, commedo de pegar no volante. Acho que projetos femininos que pensamnesse público têm tudo para ajudar. É um trabalhomuito especial. A gente ouve histórias demulheres que estão saindo de um relacionamento abusivo, podendo conquistar sonhos, ser independentes, tudo por meio do carro. E isso é impagável paramim. Pilota, empresária, mulher Foto: Bruno Fujii / Assistente: Samuel Kim / Produção: Beth Macedo

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