Locaweb Edição 94

entrevista 15 REVISTA LOCAWEB por natureza. O restaurante reflete ótica e essência específicas com um ar vintage. Isso tudo foi pensado e ambientado para ser assim. Mas o trabalho por trás dessa atmosfera se deu de forma inversa ao que os outros lugares fazem. Hoje, os estabelecimentos estão trazendo para a arquitetura e a decoração os elementos que, supostamente, vão se tornar instagramáveis, enquanto eu faço o contrário: crio os artifícios para atrair a curiosidade e a atenção dos clientes, que, por consequência, terão vontade de fazer uma foto e publicá-la no Instagram. O conceito, então, é um pouco distinto. Como você tem aplicado esse conceito ao cardápio? Para uma marca ter força, tornar-se grande e permanecer assim, ela precisa se fixar no imaginário do público e ser lembrada por ele. Então, meu objetivo no momento da criação é desenvolver algo que as pessoas rapidamente associem ao Paris 6. Trabalhei para criar uma grife com os nossos pratos e nossas sobremesas, e essa identidade fez com que eles também se tornassem altamente instagramáveis. Tenho ainda uma veia artística e adoro fazer fotos. Muitas vezes, se o cliente está focando errado, eu dou um toque: “olha, faz assim, faz assado”. Mas, no geral, os pratos no restaurante são criados para que as pessoas façam a associação e sintam-se sempre atraídas pela casa, não só no momento instantâneo do clique. Ainda nessa pegada digital, o Paris 6 também está no mobile, com um aplicativo exclusivo. Como essa plataforma funciona? O aplicativo Paris 6 foi lançado em 2010 e é bastante específico. Ele não é uma aplicação na qual se encontram grandes recursos, como fazer pedidos e pagamentos com cartão de crédito. A ideia nunca foi essa. O objetivo do app não é atender apenas o nosso cliente, mas o consumidor de forma geral. Por isso, as pessoas o acessam em busca de informações a respeito de promoções que estão acontecendo no Paris. Quem se interessar, pode resgatar o voucher e aproveitar os descontos nos endereços. Por falar em consumidor, qual é a estratégia para o atendimento ao cliente e o controle de qualidade nas redes sociais do Paris 6? Todas as postagens são feitas por mim – ou passam por mim antes de serem publicadas. Atrás do que eu faço, há um time de marketing que acompanha o feedback de tudo o que é postado. Muitas vezes, eu mesmo faço questão de responder aos comentários. Mas, por dia, nós temos mais de 200 pessoas mencionando e interagindo com as páginas. Por isso, mantenho uma pessoa desse time trabalhando com foco apenas nas mídias sociais. Naturalmente, o sucesso e o engajamento do Paris 6 atraíram muito os olhares dos críticos. Como você lida com os comentários negativos? A crítica é muito relativa. O barulho do comentário negativo se potencializa muito mais do que o do positivo. O que eu posso dizer é que meu público-alvo é o cliente, e não o crítico gastronômico. A gente tem filas nas portas das casas, e um índice de satisfação acima dos 90%. Considero o consumidor e me preocupo apenas com ele. Tanto que temos um setor voltado ao atendimento às críticas exclusivas de quem vem à casa, justamente para analisar o que aconteceu e entender se foi um problema pontual ou uma questão que precisa ser revista. As críticas construtivas das redes sociais, por exemplo, nos ajudam muito a fazer com que o Paris 6 melhore cada dia mais. De forma geral, qual é a importância da tecnologia dentro da sua trajetória? A tecnologia não pode ser entendida como uma solução. Ela precisa ser vista como ummeio. Uma ferramenta boa implementada sob um propósito ruim, por exemplo, vai fazer com que esse negócio se torne pior. Agora, uma plataforma robusta aplicada a um projeto interessante deve torná-lo ainda melhor. Para mim, a tecnologia funciona como um grande potencializador de ideias, mas em ambos os sentidos. Depende de como você a usa. Por falar em negócios, quais dificuldades nesse sentido você enfrentou com a marca? Nós tivemos um projeto em Miami, nos Estados Unidos, que não foi bem- -sucedido. Lá, abrimos um Paris 6 em 2016 e fechamos em 2017, com pouco mais de um ano de operação. Era um negócio que andava na contramão do que vínhamos fazendo no Brasil. A sensação do público americano não era igual à do brasileiro. Aqui, nós vinculamos gastronomia e cultura a homenagens a grandes artistas. E isso não funcionou em Miami, porque o público não tinha esse conhecimento. É por isso que, hoje, nosso foco é a expansão nacional. Construir e fortificar a marca, olhando nos próximos anos, sobretudo, para o Paris 6 Petit, um modelo de negócio mais recente. Quais são os modelos de negócio atuais do Paris 6 no Brasil? Hoje, o Paris 6 funciona com dois modelos de negócio: o Paris 6 Bistrô, que é o restaurante, e o Paris 6 Petit, no estilo cafeteria. Do Paris 6 Bistrô nós já temos 15 unidades, sendo oito próprias e sete franquias. Já o segundo modelo foca ambientes menores, com 60m² e um menu exclusivo formado por cafés, pratos rápidos e as sobremesas mais famosas das casas espalhadas pelo Brasil. Nós abrimos o primeiro Paris 6 Petit em janeiro, em Balneário Camboriú (SC), para fazer a validação dos pontos positivos e negativos da operação. E funcionou. Desde agosto, o projeto é inaugurar de 15 a 20 franquias até o fim do ano e passar de 80 em 2020. Os pratos são criados para que as pessoas sintam-se sempre atraídas pela casa, não só no momento instantâneo do clique

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