Locaweb Edição 82

entrevista 12 REVISTA LOCAWEB Analisar tendências comportamentais é uma dica válida para qualquer tipo de empreendedor? Na verdade, é válida para qualquer tipo de pessoa. Recentemente, estava conversando com uma amiga, que criou um projeto para abrir diálogos com mulheres de todas as idades. Ela me contou sobre uma senhorinha de 80 anos, que não quis falar sobre a palavra transgênero. E foi aí que a minha amiga explicou à senhora que ela poderia até não querer comentar sobre a palavra, mas que o termo continuaria sendo relevante no vocabulário atual. Então, a pessoa tem todo o direito de não querer conversar sobre algo, mas ela precisa saber que isso é uma coisa que, querendo ou não, já faz parte do universo dela. Quais são os principais métodos que vocês usam para identificar essas tendências? Nós usamos e adaptamos a semiótica, que funciona para identificar sinais emergentes. Basicamente, a gente busca esses sinais em todos os lugares imagináveis, desde o ponto de ônibus até a sala do médico, por exemplo. Depois, nós deciframos e organizamos as informações coletadas para que elas tenham sentido. Além disso, é importante ser otimista e saber escutar a nossa intuição, mas, obviamente, ela deve ser fundamentada e baseada em pesquisas. Depois de identificar as tendências emocionais, como é possível trabalhar corretamente com cada uma delas? Temos que tomar muito cuidado com a questão emocional. O que uma empresa divulga precisa ter significados reais. Podemos usar como exemplo uma companhia que faz uma campanha LGBT, mas não tem nenhum programa relacionado a homofobia e transfobia. Ou uma marca que deseja usar o empoderamento feminino, mas não tem equidade de salário e oportunidade. Se a gente for apelar para o emocional, a mensagem precisa ser muito verdadeira, e não apenas uma estratégia de marketing. Então isso pode ser um convite para que as empresas mudem suas posturas e valores? Sim. É uma oportunidade de levar o assunto e aplicá-lo para dentro da empresa. É nesse processo que acontece a inovação. Não é um lançamento que vai fazer a empresa ser inovadora, mas a lógica por trás do produto. Quais são as dicas que você dá para quem está pensando em trabalhar com economia emocional? Eu coloco três pontos na minha reflexão. O primeiro fala sobre o comprometimento individual. Isso significa entender a flexibilidade, a pluralidade e o dinamismo das identidades atuais. O segundo é o coletivo, com foco em resiliência, reumanização, tolerância e solidariedade. O terceiro é o ponto global, que engloba o comprometimento ético, sustentável e moral perante os nossos recursos. Como esses conceitos devem ser trabalhados? Esses três ângulos não devem ser atacados ao mesmo tempo, pois é impossível fazer isso. Primeiro, a empresa deve olhar para dentro e se perguntar quais comprometimentos ela está pronta para assumir. Depois, é preciso se organizar para que isso seja realmente feito e não se torne apenas algo da boca para fora, ou melhor, do marketing para fora. Ainda é preciso lembrar que as mídias sociais estão aí para desbancar quem não prestar atenção. Se você não pensar de verdade no assunto, o risco é maior que a oportunidade. Mas se você tratá-lo como um reflexo dos seus valores pessoais e empresariais, os ganhos são infinitos. Você defende que a resiliência é muito importante para os empreendedores. Quais são as dicas que você dá para quem está passando por dificuldades ou está em fase de projeto e precisa pensar nisso? Muitos objetivos não são alcançados ao longo da vida. Isso faz parte, e a gente precisa aprender a lidar com as falhas. Precisamos saber que a nossa expectativa é uma grande armadilha, tanto no âmbito pessoal como no de negócios. Para ter um bom resultado, o empreendedor precisa levar em consideração quem são seus funcionários e o que se passa na cabeça deles. Como é possível reinvestir no valor humano, no trabalho e dentro da imagem da marca? É óbvio que o dinheiro é importante, mas ele não brota. A questão da resiliência é, acima de tudo, aceitar que a sua empresa tenha qualidades humanas. Precisamos saber que a nossa expectativa é uma grande armadilha, tanto no âmbito pessoal como no de negócios. Para ter um bom resultado, o empreendedor precisa levar em consideração quem são seus funcionários e o que se passa na cabeça deles O que uma empresa divulga precisa ter significados reais. Podemos usar como exemplo uma companhia que faz uma campanha LGBT, mas não tem nenhum programa relacionado a homofobia e transfobia. Se a gente for apelar para o emocional, a mensagem precisa ser muito verdadeira, e não apenas uma estratégia de marketing

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