Locaweb Edição 78

futuro hi-tech 55 REVISTA LOCAWEB Como foi sua trajetória profissional até chegar à área espacial e à Nasa? Meu pai era militar da Força Aérea Brasileira e foi transferido para os Estados Unidos para servir em Washington. Eu concluí meus estudos aqui, inclusive meu doutorado, que foi sobre fibra óptica aplicada à área de sensoriamento. Naquele momento, eu já trabalhava no centro tecnológico da Marinha americana. Depois, fui para a JPL, companhia californiana responsável pelo desenvolvimento de recursos para sondas espaciais para a Nasa. De lá, foi um pulo até o quartel-general da agência. No começo, continuei trabalhando com desenvolvimento de tecnologias, mas depois passei a me dedicar às missões robóticas voltadas para Marte. Que papel você exerce em relação àsmissões paraMarte? Eu sou o que se pode chamar de supervisor técnico. Meu papel é monitorar as missões para Marte. Desde 1985, já passei por quatro projetos que levaram satélites e robôs ao planeta vermelho. É minha função manter os líderes da Nasa informados de tudo o que acontece durante as missões espaciais. Qual é próximamissão espacial que a Nasa está preparando para Marte? Emmaio deste ano, a Missão Insights vai ser lançada para o planeta vermelho e devemos começar a receber algum resultado a partir de novembro, mês em que um robô chegará ao local. A primeira fase iniciou-se em 2011 e agora, finalmente, chegamos à etapa de lançamento. Basicamente, queremos entender como foi o processo sísmico de Marte e a consequente formação do planeta. Já é possível prever quando será realizada a primeira missão tripulada para Marte? O projeto é dividido em cinco fases. Hoje, estamos na primeira. Ainda levará um tempo para que a missão seja colocada em prática. A data estimada é 2030. Em 2017, os líderes da Nasa discutiram a respeito do assunto e concluíram que ainda é necessário demonstrar a capacidade de levar astronautas à órbita do planeta vermelho. Uma vez que esteve no meio acadêmico e está diretamente envolvido com o desenvolvimento de novas tecnologias, como avalia a relação entre o universo das pesquisas e a aplicação prática nos diversos setores de empreendedorismo? Primeiro, eu acredito ser possível aplicar no empreendedorismo os estudos científicos de forma geral. Entretanto, nos dias atuais, a tecnologia está muito diferente. Antigamente, havia no mercado diversos especialistas, cada um em uma área distinta. Hoje, estudos e avanços tecnológicos estão bastante misturados. Por exemplo, o desenvolvimento de um so‰ware e hardware se dá de maneira conjunta. O que antes exigia apenas o trabalho de um engenheiro mecânico, agora precisa do envolvimento de designers, profissionais de inteligência e por aí vai. Então, quando se pensa em um negócio, é preciso compreender que o desenvolvimento dele envolverá uma porção de áreas tecnológicas diferentes, além de características específicas. E é preciso dominar tudo para ter sucesso. Para o público emgeral, o desenvolvimento de tecnologias emmissões espaciais parece algo distante, futurista demais. Durante esses anos, quais ferramentas viu migrar dos programas da Nasa para a vida das pessoas? Muitas das tecnologias nas áreas de comunicação, localização e monitoramento de tempo vieram de satélites da Nasa, em particular essa última. As pessoas não imaginam, mas outro ramo que se beneficiou foi a medicina. Há ainda detalhes curiosos em relação aos aviões. Foi a partir de um avanço do programa espacial que aeronaves passaram a ter winglet [pequena asa posicionada na extremidade livre da asa], que melhorou a aerodinâmica e, consequentemente, diminuiu a incidência de turbulências De quebra, isso fez com que os aviões ficassemmais eficientes. Ramon explica que ramos como medicina e comunicação se beneficiam das tecnologias do programa espacial Ainda levará um pouco de tempo para que a missão de colocar o homem em Marte seja colocada em prática. A data estimada pela Nasa hoje é 2030

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