Viaje Mais 281

www.revistaviajemais.com.br revistaviajemais No 281 Ano 24 R$ 24,90 portugal Rotas de vinho a natureza preservada da ilha comprida hora de esquiar em aspen as novidades dos parques da disney as praias da ilha anchieta em ubatuba MAIS viaje Douro • Alentejo • lisboa • porto • Setúbal

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6 | viajeMais Por muito tempo ninguém queria chegar nem perto da Ilha Anchieta, no litoral de Ubatuba. O lugar abrigava um presídio de segurança máxima, que funcionou por quase meio século até ser desativado em 1955. Hoje, todo mundo quer ir à Ilha Anchieta, que virou um novo e desejado destino no litoral paulista, com sete praias de sonho, banhadas pelo mar cristalino, cercadas pela Mata Atlântica preservada. A ilha é a segunda maior do litoral paulista, só menor do que a Ilhabela, e fica a apenas 8 km do continente. O acesso é feito por lanchas e escunas credenciadas, como a Aquamarine Turismo Náutico, que saem das praias do Saco da Ribeira e do Itaguá. Na chegada, a partir do píer, os turistas são recebidos por monitores ambientais que os convidam a iniciar o passeio por um museu instalado na antiga sede administrativa do Uma nova história para a Ilha Anchieta Ela já foi presídio, teve um passado sombrio, mas os tempos mudaram e a ilha se transformou em um desejado destino no litoral norte paulista Pier de acesso à ilha, onde fica o museu e a administração do Parque Estadual Ilha Anchieta |ilha anchieta| Por aida lima As ruínas das celas do presídio desativado em 1955 na Ilha Anchieta: visitantes podem caminhar pelo pavilhão Tales Azzi Aida Lima

8 | viajeMais Espreguiçadeiras do Green Haven Ilha Anchieta A Praia das Palmas, linda e selvagem, uma das sete praias preservadas da Ilha Anchieta presídio. O local tem paineis informativos que contam a história da Colônia Correcional da Ilha dos Porcos, antigo nome da ilha. Tombada como Parque Estadual desde 1977, a Ilha Anchieta é protegida para pesquisas da fauna e da flora. O turismo é aberto, porém, com controle, não ultrapassando a capacidade de 1.020 pessoas por dia, inclusive com horário de entrada e saída. Mediante uma taxa de conservação, os visitantes podem passar o dia no Parque Estadual Ilha Anchieta, percorrer suas trilhas, desbravar as praias e ainda ver de perto as ruínas das celas do presídio, onde ficavam os detentos. Quem quiser passar mais tempo tem a opção de pernoitar no Green Haven Ilha Anchieta, a primeira e única hospedaria da ilha, inaugurada em 2023, que conta com 28 leitos, entre os quartos de um hostel e um chalé privativo em frente à Praia do Sapateiro. É a melhor maneira de explorar as praias, acordar com o canto dos pássaros e sentir a magia da ilha, inclusive à noite, quando os barcos de excursão vão embora. As diárias partem de R$ 260. O Green Haven tem um bom restaurante, com cardápio que preza por ingredientes da gastronomia caiçara. Daí o prato “Caiçara”, uma pescada de cumbucu (peixe da região) grelhada e servida com molho de coco e camarões. Acompanha purê de banana-daterra e arroz branco. A jornalista Aida Lima viajou a convite da Travel For Life, com o apoio do Ubatuba Convention Visitors Bureau, Volvo Car e Hotel Coquille Programe-se A Ilha Anchieta abre para a visitação das 9 h às 17 h. Entre os meses de abril a novembro, a Ilha fecha às quartas-feiras para manutenção. Atualmente, a tarifa de visitação é de R$ 19 por pessoa. A entrada é gratuita para crianças de até 12 anos e adultos com mais de 60 anos. Tales Azzi Tales Azzi |ilha anchieta

10 | viajeMais Apresentado por Tiana’s Bayou Adventure, no Magic Kingdom, um passeio pelos pântanos do filme A Princesa e o Sapo

viajeMais | 11 Walt Disney disse uma vez: “continuamos avançando, abrindo novas portas e fazendo coisas novas, porque somos curiosos e a curiosidade nos leva por novos caminhos”. Essa visão do pai do Mickey se transformou na filosofia do Walt Disney World. Desde que o complexo foi inaugurado, em 1971, novos brinquedos, espetáculos e áreas são adicionadas aos parques todos os anos para incrementar as experiências dos visitantes. Em 2024 não foi diferente e os parques de Orlando exibiram boas novidades, seguindo a tendência da Disney de expandir suas atrações baseadas em franquias de filmes de sucesso. Em junho, foi inaugurado, no Magic Kingdom, o Tiana’s Bayou Adventure, inspirado no filme A Princesa e o Sapo, que substituiu o clássico passeio de tobogã Splash Mountain. A atração manteve a queda de 15 metros de altura, só que agora com uma nova história, na qual os visitantes se juntam à Princesa Tiana e ao jacaré Louis em uma aventura As novidades da Disney em 2024 Novas atrações dos parques de Orlando capricham nos recursos tecnológicos e seguem a tendência de inspirar-se em filmes de sucesso O Tiana’s Bayou Adventure reproduz os cenários e traz história ligada ao filme A Princesa e o Sapo Fotos:Divulgação ao som das músicas originais do filme. Localizada na área Frontierland, o Tiana’s Bayou Adventure tem atmosfera ricamente tematizada, que recria o mundo dos pântanos da Lousiania, e usa tecnologia moderna, com projeções e elementos O Tiana’s Bayou substituiu o Splash Mountain, mas manteve o tobogã de 15 metros de altura

12 | viajeMais O espetáculo The Little Mermaid – A Musical Adventure, chegou ao Hollywood Studios Apresentado por A parada noturna Disney Starlight, com personagens de Peter Pan, vai estrear no Magic Kingdom em 2025 Divulgação Adventure, que chega ao Animation Courtyard Theatre, no Hollywood Studios. Inspirado na história de A Pequena Sereia, o novo show tem cenários impressionantes com tema do universo subaquático, artistas ao vivo e muita tecnologia para misturar imagens reais e digitais. Um dos destaques é a vilã Úrsula, interpretada por uma artista usando roupa especial com sensores de movimentos, que ajuda a criar uma animação digital gigante da personagem. O Epcot, que sedia festivais sazonais importantes ao longo do ano – como o International Festival of the Arts, o Flower and Garden Festival e o Food and Wine Festival – inaugurou novos espaços para servir de base para esses grandes eventos. O CommuniCore Hall and Plaza oferece uma grande área ao ar livre onde os visitantes podem relaxar e vivenciar as atrações dos festivais, além de um salão com restaurantes, bares, palco para shows e galerias de exposições. O local é o novo ponto de encontro para fotos e interações com os personagens da Disney, como Mickey e seus amigos. Em março de 2025, o Animal Kingdom deve estrear um novo show inspirado no filme Zootopia, sensoriais, para tornar tudo mais realista e imersivo. A sensação é a de estar dentro do filme, no qual os visitantes também são personagens. A bordo de um barco típico, são desafiados a enfrentar uma série de obstáculos e enigmas, tendo que trabalhar em equipe com os outros passageiros do barco para progredir na aventura. Outra novidade muito aguardada é o espetáculo The Little Mermaid – A Musical

viajeMais | 13 A área Frontierland, do Magic Kingdom, vai ganhar atração baseada no filme Carros Programe-se A agência www.voupra.com oferece diversas opções de ingressos para os parques da Disney em Orlando, incluído chip internacional de presente O CommuniCore Hall and Plaza é o novo espaço para os grandes festivais sazonais do Epcot Fotos: Divulgação que substituirá o antigo It’s Tough to be a Bug! no Tree of Life Theater. O show vai contar com uso de tecnologia avançada, incluindo animações e efeitos especiais, para transportar o público, de forma envolvente, às diferentes regiões de Zootopia, como o Distrito de Tundra Town e o Rainforest District, combinando o tema geral do parque sobre a preservação da natureza e a relação entre pessoas e animais. O Magic Kingdom voltará a ter, em 2025, uma parada noturna, a Disney Starlight, que será guiado pela Fada Azul (de Pinóquio) e vai trazer personagens queridos de Peter Pan, Encanto e Frozen. Com projeções holográficas, fogos de artifício sincronizados com a trilha sonora, cenários em constante transformação, o espetáculo promete ser visualmente surpreendente. Para os próximos anos, a enxurrada de novidades vai continuar na Disney, que já anunciou a maior expansão da sua história nos próximos dois anos. Isso vai incluir a Villains Land, no Magic Kingdom, área temática dedicada aos vilões dos filmes da Disney; e a repaginação da Frontierland. A área que homenageia o velhooeste, uma das mais clássicas do parque, vai ganhar atrações baseadas na franquia Carros. A Disney é assim: continua buscando lançar coisas novas sempre, tal como disse Walt Disney. A ideia é surpreender ao máximo e manter aceso o interesse e a curiosidade dos seus visitantes a cada temporada.

16 | viajeMais |portugal| Se você é um apaixonado por vinhos, vai adorar percorrer algumas das mais emblemáticas rotas de enoturismo de Portugal Por tales azzi Dmitry Rukhlenko/ Shutterstock o país do vinho

viajeMais | 17 Explorar uma rota de vinho em Portugal é sempre uma linda viagem, que passa por cidades históricas, paisagens deslumbrantes e quintas centenárias. Com o crescimento do enoturismo a partir dos anos de 1980, muitas dessas quintas se transformaram em charmosos hotéis, oferecendo aos hóspedes uma imersão relaxante no mundo do vinho. E a experiência das degustações fica ainda mais especial quando combinada com a deliciosa culinária portuguesa. As vinícolas proporcionam visitas guiadas, passeios pelos vinhedos, provas comentadas e workshops, nos quais se aprende um pouco sobre a rica tradição dos vinhos do país. Portugal é dona da primeira região demarcada do mundo, no Vale do Rio Douro, em 1756. Atualmente, o país conta com 12 regiões com Indicação de Origem Protegida (IGP) e 31 com Denominação de Origem (DOC), que são atestados para vinhos de alta qualidade. Com uma grande variedade de castas autóctones - espécies nativas que praticamente não são encontradas em nenhum outro lugar - e terroirs muito diferentes que vão do litoral às encostas das montanhas no interior, Portugal se tornou um especialista em produzir vinhos excepcionais e, de quebra, um destino perfeito para os amantes da bebida. Se você é deles, vai se encantar ao conhecer algumas das rotas de enoturismo mais emblemáticas do país. Na cidade do Porto, os tradicionais barcos rabelos permanecem ancorados para relembrar a história do Vinho do Porto

18 | viajeMais | portugal A cidade do Porto levou a fama, mas o vinho licoroso, encorpado e de sabor adocicado, conhecido como Vinho do Porto, é produzido a cerca de 100 km dali, rumo ao interior português. Ele reina absoluto nas quintas aristocráticas que se espalham às margens do Rio Douro, a primeira região vinícola do mundo a ganhar selo de denominação de origem em 1756. É nas escarpas das montanhas debruçadas sobre as águas desse rio, que nasce na Espanha e corre por cerca de 200 km em terras portuguesas, que se dá todo o processo de produção do vinho, do cultivo das videiras ao engarrafamento. A região conhecida como Alto Douro ViO Alto Douro vinhateiro No norte de Portugal, quintas magníficas cultivam as vinhas em terraços geométricos às margens do Rio Douro, a primeira região vinícola demarcada do mundo

viajeMais | 19 nhateiro começa na cidade de Peso de Régua, a 115 km do Porto, e se estende por uma centena de quilômetros ao longo do rio. Os vinhedos são cultivados em terraços geométricos que cobrem completamente as encostas das margens. A estrada que corta a região, a EN-22, é famosa pela beleza cênica, com mirantes e lindos visuais a cada curva. Peso de Régua é a principal base para visitar a região. Dela parte uma maria-fumaça restaurada, que, entre junho e outubro, faz um trajeto de 40 km até Tua, com parada em Pinhão. A locomotiva a vapor de 1925, acoplada a cinco vagões de madeira, apita e chacoalha em clima de festa, com artistas a O Rio Douro e suas encostas cobertas por vinhas cultivadas em terraços geométricos Richard Semik /Shutterstock bordo tocando, em sanfonas e violas, música tão antigas quanto o próprio trem. A viagem, que tem saídas aos sábados, acontece lentamente pelas montanhas da beira-rio, deixando para trás vilarejos parados no tempo, quintas centenárias e pontes majestosas. Outra opção é fazer um passeio de barco, que pode durar de algumas horas ou até vários dias no caso dos cruzeiros fluviais em embarcações com cabines para pernoites, com paradas para visitar vinícolas ao longo do caminho. Também existe a opção de passeios dois em um: vai de trem de Peso de Régua a Pinhão e volta de barco. Para uma imersão mais completa nos

20 | viajeMais A encantadora Pinhão, a 130 km de Porto, está no trecho mais visitado do circuito do vinho no Douro Nightcap/ Shutterstock encantos do Douro, a melhor opção é se hospedar nas vinícolas que transformaram parte de suas propriedades em charmosos hotéis. É assim na Quinta da Pacheca, em Peso de Régua, em funcionamento desde 1738. No casarão histórico, há 25 suítes e um restaurante gourmet. Do lado externo, de camarote para os parreirais, há dez chalés de luxo instalados em enormes pipas de vinho. A bodega é pequena e focada em produzir vinhos de alta qualidade. A degustação da vinícola acontece em uma sala envidraçada com vista para as vinhas. Passeio de barco com parada nas vinícolas é uma ótima forma de explorar a rota do vinho no Douro Almoço com vista para o Douro e a piscina de borda infinita na vinícola Quinta do Crasto, em Sabrosa Quinta do Crasto/ Divulgação Já a Quinta do Crasto, no topo de um morro em Sabrosa, tem caves antigas, uma capela do século 17 e uma piscina de borda infinita debruçada sobre os campos de uva. Ao lado, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, de 1765, oferece degustações em um terraço no meio das vinhas, além de caminhadas, passeios de barco e cursos com enólogos. Na Quinta do Noval o que mais encanta é a localização à margem esquerda do Rio Pinhão, um afluente do Douro. A vista para os vinhedos dispostos em terraços é maravilhosa. Kite Rin/ Shutterstock

22 | viajeMais Uma das coisas mais chama a atenção dos turistas que visitam o Porto, a segunda maior cidade de Portugal, são os barcos rabelos que ficam ancorados às margens do Douro e servem para relembrar uma antiga história. Durante séculos, eles transportavam os vinhos produzidos no Vale do Douro, a cerca de 150 km rio acima, até a cidade do Porto, mais precisamente para as caves de Vila Nova Gaia, que fica na outra margem do rio, onde eram maturados antes de seguir de navio para outros países da Europa, sobretudo a Inglaterra. Os barcos rabelos trabalharam até a década de 1960, quando foram substituídos por trens e caminhões. Mas as caves seguem abarrotadas em Gaia e recebem os turistas ávidos para degustar o famoso Vinho do Porto, nome genérico para o vinho licoroso, de sabor adocicado e alto teor alcoólico, que pode ser elaborado a partir de mais de 40 tipos de uva. Produzido desde o século 17, o Vinho do Porto deve suas características à adição de aguardente de uva à bebida, o que interrompe o processo de fermentação e preserva parte dos açúcares das frutas. Após o envelhecimento em barricas de carvalho, o vinho é engarrafado e está pronto para o consumo. Seguindo a tradição, boa parte do comércio do Vinho do Porto continua na mãos dos ingleses. Entre as caves mais famosas em Vila Nova Gaia, estão a Sandeman, Graham´s, Taylor’s e Ferreira. Todas oferecem tours com degustação, almoços harmonizados e muitas explicações sobre o processo de produção do vinho. Os armazéns ficam bem próximos uns dos outros, o que facilita a vida Cave de barricas da Sandeman, em Vila Nova de Gaia Tales Azzi | portugal O vinho do Porto Barcos rabelos, vinhos licorosos e museus contam uma história de muitos séculos na segunda maior cidade de Portugal Benson Truong/ Shutterstock

viajeMais | 23 do turista, que pode fazer tudo a pé, entre uma degustação e outra. Para ir ainda mais fundo no universo do vinho, Vila Nova Gaia inaugurou, em 2020, o World of Wine (WOW), um complexo de museus que explora o tema com muita história e interatividade. São sete museus, uma escola de vinho e 12 bares e restaurantes. O The Wine Experience é o maior e mais completo museu do WOW, com exposições sobre todas as etapas da produção de vinho. O museu Planet Cork, por sua vez, é dedicado à cortiça, o material com que se produz as rolhas e tem Portugal como principal produtor mundial. O The Chocolate Story trata do universo do cacau e do chocolate. O Pink Palace fala do vinho rosé. O The Bridge Collection leva por uma jornada sobre a história dos copos e taças. E o Porto Region Across the Ages conta a história do Porto e sua importância para Portugal. Entre um museu e outro, vale provar a boa comida dos restaurantes do WOW, como o Golden Catch, especializado em frutos do mar; e o T&C, para provar clássicos da gastronomia portuguesa. Ruby ou Tawny Atualmente, os vinhos do Porto são divididos em duas grandes categorias: Ruby e Tawny. A principal diferença entre elas é que os vinhos Ruby não passam muito tempo em barricas e, por isso, sofrem menos oxidação, mantendo a cor da fruta. Já a família Tawny tem como característica principal o envelhecimento em barricas pelo período indicado no rótulo, o que dá ao vinho uma bela cor dourada e aromas de frutos secos e especiarias. O Tawny Reserva envelhece no mínimo 6 anos em barricas, enquanto os Tawnys de 10, 20, 30 e 40 anos passam, como o nome diz, em média esse mesmo número de anos em barrica. Tales Azzi Divulgação WOW O WOW, o “quarteirão do vinho”, complexo com 7 museus temáticos e 12 restaurantes e bares Na degustação, você aprende a diferença entre o Ruby e o Tawny, os dois tipos de Vinho do Porto

24 | viajeMais Foram os romanos que plantaram as primeiras vinhas no Alentejo há uns dois mil anos, dando início a uma deliciosa tradição. Hoje, as vinhas se estendem pela maior região de Portugal cercando vilarejos medievais amuralhados. Os romanos também fundaram Évora, a charmosa capital do Alentejo, a 130 km de Lisboa, ponto de partida para explorar as vinícolas e degustar os bons vinhos alentejanos. Você pode começar pelos bares com mesas ao ar livre na Praça do Giraldo, no centro de Évora. Basta pedir uma tacinha e ver a cidade passar, ou seguir para a vinícola Cartuxa, autora do famoso Pêra Manca, um dos vinhos mais emblemáticos de Portugal. Diz a lenda que era o vinho que Pedro Álvares Cabral levou nas caravelas durante a viagem de Descobrimento. Na Cartuxa, o Pêra Manca descansa tranquilo por 18 meses em barricas de carvalho francês em uma cave com música gregoriana tocando ao fundo. No verão, um winebar é montado no pátio da vinícola para vender vinhos em taças e petiscos. A partir de Évora, é bem fácil conhecer outras vinícolas famosas do Alentejo. As distâncias são curtas e os caminhos são cheios de vilarejos charmosos. Cerca de 75 propriedades fazem parte da Rota dos Vinhos do Alentejo e estão de portas abertas para o enoturismo. Elas oferecem passeios pelos vinhedos, degustações, almoços harmonizados e aulas de culinária. Cada uma tem seu próprio estilo, mais intimista ou com ar mais industrial, mas todas compartilham belas paisagens com morros suaves e parreirais com castas locais, como Antão Vaz, Trincadeira e Aragonez, e também outras que se adaptaram super bem ao clima da região, como a Alicante Bouschet. Em Reguengos de Monsaraz, a vinícola Na Rota do Vinho do Alentejo, há cerca de 75 propriedades abertas ao enoturismo Os muitos vinhos do Alentejo Na maior região de Portugal você pode provar o vinho de água, o vinho de talha e o famoso Pêra Manca, o vinho de Pedro Álvares Cabral Tales Azzi | portugal Inacio Pires/ Shutterstock Degustação na Cartuxa, em Évora

26 | viajeMais o vinho de talha A influência romana na produção de vinho no Alentejo resiste até hoje com o vinho de talha, ou vinho de ânfora, no qual se utiliza grandes potes de cerâmica para a fermentação e o armazenamento da bebida. Diversas vinícolas da região, como a própria Cartuxa, em Évora, resgatam essa técnica milenar e mantém parte da produção com esse tipo de vinho, que virou uma tradição do Alentejo. O vinho de talha obrigatoriamente deve ficar na talha até o dia de São Martinho (11 de novembro) do ano da colheita. Daí surgiu o ditado: “No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”. Todos os anos, nesse dia, é promovida uma grande festa, onde os produtores abrem as suas talhas e apresentam suas novas produções ao público. Potes de cerâmica usados na produção do “vinho de talha”, herança dos tempos dos romanos que resiste no Alentejo Magdalena Paluchowska/ Shutterstock A cave de barricas da vinícola João Portugal Ramos, em Estremoz Ervideira fornece uma taça no início do tour para que o visitante prove os vinhos diretamente dos tanques de fermentação. A sala de degustação é um charme, com paredes de vidro e vista para os vinhedos. Todos os rótulos da casa estão expostos na prateleira e você pode escolher cinco deles para provar. Muito famoso é o Conde D’ervideiro, um “vinho de água”, que é envelhecido por oito meses no fundo de um lago a 15 metros de profundidade. “O aumento da pressão embaixo d’água modifica as características do vinho”, explica Luiz Ervideira, o proprietário. Em Estremoz, a João Portugal Ramos, de arquitetura elegante em estilo tradicional português, tem como grande diferencial o método artesanal de produção do vinho. A colheita é feita à mão e a fermentação acontece em lagares, grandes tanques abertos de mármore, onde os funcionários pisam nas uvas com roupas e botas de borracha. Não é encenação. Na sala de degustação, é possível ver os funcionários caminhando nos lagares, que parecem piscinas cheias de uva. O enólogo explica que o esmagamento suave das uvas, sem uso de máquina, “libera taninos mais redondos e melhoram a qualidade final do vinho”. Para comprovar se o método funciona, basta provar uma tacinha do Stremus, o top de linha da casa. Fotos: Tales Azzi

28 | viajeMais F undada em 1955, a cooperativa Adega de Borba foi pioneira no Alentejo e se tornou referência pelo modo como assegurou vinhos de qualidade promovendo práticas sustentáveis em todas as etapas da produção, da vinha à garrafa. A cooperativa reúne atualmente 270 viticultores associados, que cultivam cerca de 2.220 hectares de vinha distribuídos por 70% de castas tintas e 30% de castas brancas. Um dos maiores compromissos da Adega de Borba é produzir vinhos que sejam comercialmente viáveis e, ao mesmo tempo, preservem os recursos ambientais. Telhados verdes nas instalações das vinícolas, cubas de fermentação mais eficientes que reduzem o consumo energético, aposta na energia solar e sistemas de reaproveitamento de água são algumas das práticas que tem sido sistematicamente implementadas. Adega de Borba Cooperativa do Alentejo reúne 270 viticultores e estimula a adoção de práticas sustentáveis da vinha à garrafa Foto: Divulgação/ Adega de Borba Sede da Adega de Borba, no Alentejo, é aberta ao enoturismo e oferece visitas guiadas e degustações | portugal Borba é a segunda maior sub-região vitivinícola do Alentejo, ligando várias vilas e cidades como Estremoz, Terrugem, Orada, Vila Viçosa, Rio de Moinhos e Alandroal. Todas elas distinguem-se por solos únicos e depósitos de mármore. Tal característica, somada ao microclima da região, que está em altitude média de 400 metros, a pluviosidade acima da média do Alentejo Central e a grande tradição de cultivo de vários séculos, com conhecimentos adquiridos ao longo de gerações, garantiram um terroir único e o caráter muito especial dos vinhos. A Adega de Borba é aberta à visitação e tem vários espaços dedicados ao enoturismo. Dispõe de uma ampla sala de provas, auditório com capacidade para 60 pessoas e uma sala para 150 pessoas, dedicada a eventos e cursos. Para saber mais: https://adegaborba.pt

30 | viajeMais A Quinta de Sant’Ana do Gradil, a 40 km da capital, uma das boas vinícolas para conhecer na Região de Lisboa A região vinícola de Lisboa, ou Indicação Geográfica (IG) Lisboa, é uma das mais importantes de Portugal em termos de área de vinha e produção de vinho. Formada por suaves colinas, ela estende-se desde a capital portuguesa até Pombal, ao norte, por cerca de 160 km ao longo do litoral, em uma faixa que não ultrapassa os 40 km de largura. Até 2005, a região era conhecida como Estremadura, mas mudou de nome para não ser mais confundida com a Extremadura da Espanha. Também foi a partir dessa época que os vinhos de Lisboa passaram a ganhar destaque internacional, sendo conhecidos pela sua ótima relação qualidade e preço. A região de Lisboa é bastante heterogênea na sua produção. Há vinhas perto do Atlântico, que recebem a frescura e os ventos do mar, e também no interior mais quente e seco. A maioria das vinícolas ficam entre elevações de 50 a 200 metros acima do nível do mar. Toda essa diversidade de relevos e microclimas dividiu a região de Lisboa em nove DOCs (Denominação de Origem Controlada) diferentes, cada uma delas com características bem específicas. Do lado do Atlântico, um dos mais prestigiados é o DOC Colares, famoso por seus vinhos tintos robustos feitos da casta Ramisco. Por estar situada entre as cidades de Sintra e Cascais, a Colares perdeu terreno de vinhas para o mercado imobiliário e seus vinhos são raros de encontrar no mercado. Um bom lugar para provar esse famoso vinho é na tradicional Adega de Colares, fundada em 1931, em Sintra. A propriedade oferece tour com visita aos parreirais e à adega, no qual os visitantes podem conhecer as técnicas de vinificação que são O emblemático vinho da casta Ramisco produzido no DOC Colares Região de Lisboa A faixa costeira nos arredores de Lisboa abriga nove áreas com Denominação de Origem Controlada (DOC) Divulgação Divulgação Turismo de Lisboa

viajeMais | 31 preservadas há séculos nessa área. Na direção do interior, o terroir proporciona alguns dos melhores vinhos da região de Lisboa com uma variedade de uvas portuguesas clássicas, como Touriga Nacional e Tinta Roriz, que caracterizam o DOC Alenquer. Também são muito apreciados os vinhos do DOC Bucelas, uma das mais antigas da região de Lisboa, demarcada em 1908. Em Bucelas, está o Museu do Vinho e da Vinha, instalado em prédio histórico com salas de exposição que explicam o processo de produção da bebida. A capital Lisboa, por sua vez, também oferece diversos endereços para quem quiser degustar os vinhos da região sem precisar deixar a cidade. É o caso da ViniPortugal, que fica no Terreiro do Paço, às margens do Rio Tejo, pertinho da Praça do Comércio; e da Wine with a View, no calçadão da Torre de Belém, no qual a degustação fica ainda mais especial diante da vista clássica de Lisboa. Entrada da Adega de Colares, de 1931, em Sintra Perto de Lisboa, há diversas vinícolas para passeios de enoturismo Mesa de jantar em evento montada ao lado dos tonéis de vinho da Adega de Colares Museu do Vinho e da Vinha, em Bucelas Divulgação Adega de Colares Divulgação Adega de Colares Divulgação

32 | viajeMais Sete Séculos de Vindimas é a assinatura dos vinhos da Quinta do Gradil, em Cadaval, que integra a região de Indicação de Origem Protegida (IGP) Lisboa, reconhecida pelos vinhos de excelência. A propriedade, cujas primeiras referências remontam a 1492, desfruta de uma localização idílica entre as montanhas e o mar, e vistas privilegiadas para a Serra de Montejunto, a menos de uma hora de Lisboa. Há 25 anos sob a gestão do empresário Luís Vieira, líder da Parras Wines, um dos maiores grupos vinícolas de Portugal e conhecido por marcas como “Mula Velha” e “Pêra Doce”, a Quinta do Gradil passou por uma renovação, que incluiu a reabilitação das vinhas e a restauração das arquiteturas históricas, onde acontecem provas e visitas guiadas, eventos e casamentos. “Tornamonos um produtor de excelência que contribui decisivamente para a imagem renovada dos Quinta do Gradil Com uma história de sete séculos, a Quinta do Gradil é referência na região de Lisboa com vinhos de qualidade superior e experiências inesquecíveis Foto: Divulgação/ Quinta do Gradil A bela arquitetura da sede da vinícola, em Cadaval, a 70 km da capital portuguesa | portugal vinhos da região de Lisboa”, disse Luís Vieira. Combinado a essa renovação, veio o interesse em produzir castas diferentes e pouco exploradas. A ideia frutificou tão bem que o monocasta Tannat da Quinta do Gradil, pioneiro na região e que soma sete colheitas, se tornou o vinho mais conhecido da vinícola. Na Quinta do Gradil, o visitante pode degustar um pouco dessa história de sete séculos no universo dos vinhos. A adega oferece visitas e degustações, brunch e piquenique com produtos locais. É também possível fazer almoço ou jantar vínico para grupos. Experiências de Concurso de Vinhos ou Construção de Blend orientado por sommelier e com design do próprio rótulo fazem parte do programa. Durante o período da vindima, setembro, é possível participar da colheita e da pisa da uva. Para saber mais: www.quintadogradil.wine ou +351 933 630 015.

34 | viajeMais | Natal Você provavelmente já bebeu um vinho de Setúbal, uma charmosa cidade portuária na foz do Rio Sado, a 50 km ao sul de Lisboa. É de lá que vem o vinho Periquita, figurinha fácil nos mercados brasileiros. Foi o primeiro vinho a ser engarrafado em Portugal, em 1850, pela vinícola José Maria da Fonseca, a mais emblemática dessa região que foi a segunda área demarcada de Portugal, em 1907 — atrás apenas do Douro, que é de 1756. O vinho mais típico, porém, não é o Periquita, mas o famoso Moscatel de Setúbal, vinho fortificado, produzido a partir das uvas cultivadas nas encostas das montanhas costeiras da Serra da Arrábida. Como muitos outros vinhos fortificados, este também passa pelo processo de interrupção da fermentação com aguardente vínica para conservar a doçura natural das uvas. No entanto, as cascas das uvas permanecem imersas no vinho durante meses, libertando o seu sabor intenso e acentuado. Depois de filtrado, o vinho envelhece por alguns anos — ou até décadas — em tonéis de carvalho. As principais vinícolas de Setúbal estão concentradas no vilarejo do Azeitão, a 13 km do centro da cidade. A José Maria Fonseca fica A tradicional bodega José Maria Fonseca, no vilarejo de Azeitão, em Setúbal | portugal Setúbal e o vilarejo de Azeitão Nas montanhas costeiras da Serra da Arrábida crescem as vinhas que produzem o famoso Moscatel de Setúbal O Moscatel de Setúbal, vinho licoroso, é o mais conhecido da região. Prove-o na vinícola José Maria Fonseca ou na Quinta da Bacalhôa Divulgação/ José Maria Fonseca Degustação na vinícola José Maria Fonseca Tales Azzi

viajeMais | 35 A Quinta da Bacalhôa, uma das mais famosas na região de Setúbal Alexandre Rotemberg/ Shutterstock lá, instalada em um belo casarão de arquitetura de 1834. Além das 3 milhões de garrafas do Periquita ao ano, a bodega faz rótulos mais sofisticados. A grande estrela é o Apothéose, com mais de 100 anos de envelhecimento. Apenas 40 garrafas dessa preciosidade foram produzidas e são vendidas somente em leilão. A vinícola oferece visitas com degustação de três provas e conta com um restaurante que serve as delícias locais, como as ostras, o choco frito (um parente da lula) e o prestigiado queijo do Azeitão, um queijinho cremoso para se servir de colher e vai muito bem com geleia ou uva. Outra vinícola renomada é a Quinta da Bacalhôa, que além de produzir vinhos de alta qualidade também é conhecida por sua coleção de arte. O palácio restaurado do século 15 abriga peças de arte contemporânea, azulejos tradicionais portugueses e uma vasta coleção de esculturas espalhadas pelos jardins e salões. O ponto alto da visita é a degustação dos vários tipos de Moscatel de Setúbal. O Vinho Torna-Viagem O vinho Moscatel de Setúbal era muito exportado para o Brasil no século 19. O transporte era feito por navios que atravessavam o Atlântico e, por isso, ficavam sujeitos a elevadas temperaturas. Quando os barris não-comercializados chegavam de volta a Portugal, notava-se que o vinho estava melhor do que antes. Estes vinhos ficaram conhecidos por “Torna-Viagem”. No ano 2000, a vinícola José Maria da Fonseca resgatou o vinho Moscatel de Setúbal “Torna Viagem”. Em parceria com a Marinha Portuguesa, barricas de carvalho com vinho foram até o Brasil e voltaram. A experiência foi um sucesso e a vinícola já repetiu a viagem diversas vezes. Barril de vinho embarcado para produzir o Torna-Viagem A história do casarão remonta ao século 17 hotel casa palmela É uma casa de campo de arquitetura elegante, cercada por parreirais e vista para a Serra da Arrábida. Intimista e luxuoso, o hotel tem apenas 23 quartos, restaurante gourmet e piscina. É uma experiência de hospedagem tranquila e sofisticada para quem pretende desfrutar da rota do vinho em Setúbal. www.hotelcasapalmela.pt Divulgação/ hotel casa palmela

36 | viajeMais | portugal Descoberta em 1419 e incorporada ao território português, a Ilha da Madeira logo mostrou sua vocação vinícola. D. Henrique, rei de Portugal na época, considerou as terras apropriadas para o cultivo de vinhas e mandou vir da Grécia cepas da casta Malvasia. Por volta de 1500, a ilha já era grande exportadora de vinhos licorosos, o que perdura até os dias de hoje. A ilha tem uma área de 738 quilômetros quadrados, dos quais metade está acima dos 700 metros de altitude. Hoje existem na região mais de 1.700 produtores de uvas, distribuídos por uma superfície total de 1.700 hectares de vinhas. Desses, 500 hectares são reservados para a produção do vinho licoroso Madeira. Vinhas nas encostas de Seixal, na Ilha da Madeira A joia do Dão: a belíssima Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, abriga um charmoso hotel Madeira: a ilha dos vinhos O vinho Madeira vintage, de qualidade superior Rad Radu/ shutterstock Divulgação/ Casa da Ínsua Dão a Terra do Touriga nacional A região demarcada do Dão, instituída em 1908 no Centro de Portugal, abrange os municípios de Coimbra, Guarda e Viseu. Terra da Touriga Nacional, a mais portuguesas das castas, cultivada às margens do Rio Dão, essa é uma região vinícola nobre. Vale conhecer a Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, instalada em um magnífico solar do século 18 em estilo barroco, que também abriga um hotel boutique. Já a Quinta do Paço, em Gouveia, recebeu, em 2023, a certificação Resíduo Zero, que atesta sua sustentabilidade e produção orgânica. Fox_travell/ shutterstock

38 | viajeMais | portugal Belmonte, uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal O castelo e as muralhas medievais de Bragança, a principal cidade da região de Trás-os-Montes Luís Pedro Fonseca/ shutterstock Trabantos/Shutterstock trás-os-montes os bons vinhos do norte Bem ao norte de Portugal fica a região vinícola de Trás-os-Montes, dona de vales verdejantes e colinas cobertas por bosques acinzentados dos olivais. Apesar do cultivo das vinhas e produção de vinhos serem seculares na região, Trás-os-Montes foi uma das últimas de Portugal a serem reconhecidas como Indicação Geográfica, em 2006. A linda cidade de Bragança fica no centro da região de Trás-os-Montes. Em Valpaços, a Casa do Vinho é um museu interativo com equipamentos multi-touch, que desvendam a história, características e particularidades dos vinhos locais, além de destacar o patrimônio arqueológico e paisagístico da região. beira interior os vinhos das serras portuguesas Rodeada por serras de grande altitude — como a Serra da Estrela, Gardunha, Marofa e Malcata - a região vitivinícola da Beira Interior está entre as mais altas de Portugal, cujas vinhas encontram-se entre os 350 e 750 metros de altitude, o que garante acidez e frescura aos vinhos. Percorrer essa região é passar por castelos antigos e aldeias medievais amuralhadas que permanecem incrivelmente preservadas, como Belmonte, Castelo Rodrigo e Sortelha.

40 | viajeMais A estação de esqui do Colorado mistura altas pistas, baladas e playgrounds para atrair de celebridades a famílias com crianças pequenas |estados unidos| Por Paulo Basso Jr. Aspen Ao ritmo de

viajeMais | 41 Uma leva de crianças pequenas se divertia com os pais no avião em que eu tinha acabado de embarcar, no aeroporto de Denver, nos EUA. Mas engana-se quem pensa que eu estava indo para Orlando, na Flórida: meu destino era Aspen, no Colorado. A estação de esqui americana, famosa pelo luxo e pela badalação nas féria, me surpreendeu durante os dias que passei por lá. Não demorou para que eu descobrisse, por exemplo, que a região não vive apenas do esqui, mas também de uma série de outras experiências – inclusive para crianças – oferecidas nas quatro montanhas e duas vilas que compõem o imenso complexo que, na verdade, tem nome e sobrenome: Aspen Snowmass. Aspen Snowmass tem pistas para todos os níveis e é famosa pela “qualidade” da neve, ideal para a prática de esportes Divulgação

42 | viajeMais | Estados Unidos Na prática, Aspen e Snowmass são cidades vizinhas que, juntas, dão vida, entre os meses de novembro e abril, a uma das maiores áreas esquiáveis dos Estados Unidos – muito apreciada pela qualidade da neve, que é do tipo powder, a melhor do mundo. Isso porque ela cai em flocos finos e cria uma espécie de tapete perfeito para quem deseja deslizar ladeira abaixo. Se essa não é sua praia (ou montanha, no caso), não se preocupe. Há outras atividades Patinação no gelo em Snowmass Village: além do esqui, o complexo oferece diversas outras atividades Aspen Village é repleta de lojas de grife disponíveis por lá, como pista de patinação, playgrounds e até uma montanha-russa para quem viaja em família. Os mais crescidinhos, por sua vez, encontram museus e galerias de arte, lojas de grife, restaurantes e bares onde rola um dos après-ski (termo francês que significa “depois do esqui”) mais venerados do mundo, quando todas as tribos se juntam para comer, beber e ouvir música no fim da tarde e noite adentro. O destino, de fato, esbanja luxo e custa caro. Um chocolate quente sai por US$ 15. Drinques passam fácil do US$ 50. E os melhores hotéis têm diárias acima dos US$ 500. Esse é o preço para se misturar às celebridades de todas as partes do mundo que estão sempre no pedaço, como o fundador da Amazon Jeff Bezos ou a atriz hollywoodiana Salma Hayek. A propósito, não encontrei nenhum deles por lá. Mas vai saber se não estavam bem ao meu lado escondidos por trás dos macacões, óculos e capacetes de esqui, não é mesmo? Estrutura completa As quatro montanhas que compõem o complexo são Aspen Mountain, Snowmass Mountain, Buttermilk e Aspen Highlands. Fotos: Paulo Basso Jr.

viajeMais | 43 As duas primeiras são mais famosas por contarem, na base, com vilas de ótimas estruturas turísticas, chamadas de Aspen Village e Snowmass Village, respectivamente, e que estão separadas por cerca de 6 km de estrada. É nelas que ficam as principais opções de hospedagem do destino e também onde acontece, de forma geral, o après-ski. A vila de Aspen é mais luxuosa e afeita aos bares com clima de balada que, vez por outra, contam com picapes comandadas por DJs, enquanto a de Snowmass é mais charmosa e voltada para famílias. Quem não estiver com um carro alugado pode usar linhas gratuitas de ônibus para se deslocar entre os principais pontos turísticos do complexo, o que inclui a base de todas as montanhas, as vilas e o aeroporto. Na alta temporada, elas costumam funcionar das primeiras horas da manhã até por volta de meia-noite. Outra característica que faz de Aspen Snowmass uma das estações de esqui mais completas do mundo é a tecnologia por trás das gôndolas e lifts (teleféricos) responsáveis por levar a galera para o alto das montanhas. Mesmo na alta temporada é difícil formar fila por lá (um problema comum em alguns outros destinos do gênero), o que permite a todos aproveitar melhor o tempo nas pistas. As quatro montanhas A maioria das pessoas que vai a Aspen Snowmass passa o dia nas montanhas. Nelas, é possível esquiar ou praticar snowboard, fazer aulas de ambas as modalidades, curtir outras atividades na neve ou apenas passear de gôndola, apreciando o visual e chegando aos restaurantes e bares que ficam no topo. Tudo isso é pago, e os valores variam de acordo com suas escolhas. A estação de esqui utiliza tecnologia moderna e veloz para as gôndolas e teleféricos Parques como o Aquatica contam com salas silenciosas, enquanto a Disney World oferece guias e mapas sensoriais A vila de Aspen é mais luxuosa e baladeira; enquanto Snowmass é voltada para famílias Divulgação

44 | viajeMais | Estados Unidos Para os esquiadores mais experientes, Aspen Mountain e Aspen Highlands são os principais destinos. A primeira, inclusive, teve a área ampliada e ganhou pistas, trilhas, descidas e quedas. Snowmass Mountain e Buttermilk, por sua vez, atraem mais os iniciantes por contarem com opções menos íngremes. Não à toa, é nelas que estão disponíveis aulas privadas e em grupo para quem nunca esquiou, inclusive crianças pequenas. Por conta dessas características, optei por passar a maior parte do tempo em Snowmass Mountain, não apenas porque minha intimidade com esqui não é das maiores, mas porque ali é possível curtir outras experiências na neve. Na estação final da Elk Camp Gondola, por exemplo, há uma grande estrutura com bares e restaurantes. O local também abriga uma pista em que é possível deslizar com boias no inverno, prática chamada de tubbing e que as crianças adoram, e a deliciosa Breathtaker Alpine Coaster, uma montanha-russa com trilhos suspensos sob o morro. O começo do passeio, marcado pela subida, é bem tranquilo. Depois, na descida, há várias curvas em alta velocidade. Não é super-radical, mas bem divertido. A Breathtaker Alpine Coaster e aula de esqui para crianças em Snowmass Mountain Aspen Mountain e Aspen Highlands são as montanhas preferidas dos esquiadores experientes Divulgação Divulgação Paulo Basso Jr.

46 | viajeMais Quem compra os tíquetes para esquiar ou aproveitar outras atividades nas montanhas tem acesso ilimitado a todas as gôndolas do complexo enquanto o bilhete estiver válido. Assim, dá para ir a Snowmass Mountain e Aspen Mountain no mesmo dia, por exemplo. Nesta última, é a Silver Queen Gondola que carrega, na maioria dos casos, o pessoal para cima e para baixo. E o melhor de tudo é que ela fica na cara do gol da vila de Aspen, para onde quase todo mundo segue na hora do après-ski. Aspen Village Aspen Village é o pedacinho do complexo mais procurado pelos turistas. Afinal, é na simples vila que um dia serviu de base para a exploração de minérios que, hoje, se concentram algumas das lojas de grifes mais desejadas do mundo, como Louis Vuitton, Gucci, Prada, Dior e Ralph Lauren. Na paisagem arquitetônica da cidade, o O inusitado Aspen Art Museum, cuja arquitetura moderna se destaca na paisagem de Aspen Village São quatro montanhas esquiáveis: Aspen Mountain, Aspen Highlands, Snowmass e Buttermilk Praticidade: a Silver Queen Gondola, entrada para a Aspen Mountain, fica no centro da vila de Aspen Fotos: Paulo Basso Jr. | estados unidos

48 | viajeMais | Estados Unidos Situado ao lado da entrada da Silver Queen Gondola, este restaurante-bar também é palco de um dos melhores après-ski de Aspen, com direito a música de balada e um lounge da marca de champanhe Veuve Clicquot. Elegância para valer, porém, impera em outros dois endereços gastronômicos do The Little Nell: o The Wine Bar, com um cardápio impecável de vinhos, e o Element 47, restaurante recomendado pelo Guia Michelin. Mas prepare o bolso ao visitá-los, pois ambos são caros. destaque é o Aspen Art Museum, que tem entrada gratuita e foi projetado pelo renomado arquiteto japonês Shigeru Ban. Inovador, o edifício foi concebido como uma caixa de vidro envolvida por um trançado de madeira. Uma vez em Aspen Village, vale a pena também apostar na gastronomia, que pode ir desde um chocolate quente no café Felix Roasting, do Jerome Hotel, até as icônicas batatas fritas trufadas da Ajax Tavern, no igualmente famoso hotel The Little Nell. O après-ski do Ajax Tavern, restaurante do hotel The Little Nell, bem ao lado da entrada da Silver Queen Gondola O The Wine Bar, ideal para degustar um bom vinho; e o hamburguer com batatas trufadas do Ajax Tavern Fotos: Paulo Basso Jr.

viajeMais | 49 O Snowmass Mall, shopping com lojas e bares no alto da montanha Snowmass Village Snowmass Village é pequena e não conta com tantas lojas de marca quanto Aspen, mas tem uma atmosfera mais charmosa e aconchegante. Tudo por lá gira em torno da entrada da Elk Camp Gondola e de um rinque de patinação que, para a alegria das famílias, é gratuito. Ao lado dele, há uma área com jogos eletrônicos e dois playgrounds ao ar livre. Quem quiser ainda pode pegar uma gôndola gratuita rumo ao Snowmass Mall, shopping com lojas e bares. É lá que rola o aprés-ski mais agitado do pedaço, assim como no The Lounge, do hotel Limelight Snowmass, que serve pizzas feitas no forno a lenha. Eu comi uma de gorgonzola com calda de figo, que estava excelente. A vila abriga ainda endereços como o JÜS Snowmass, um café descolado que serve lanches e bowls de frutas, uma creperia e restaurantes com cardápios japonês e italiano, entre outros. O melhor de tudo é que desses lugares é possível observar as montanhas, cuja paisagem é hipnotizante. Desafiá-las com um par de esquis é uma experiência inesquecível, mas saber que em lugares como Aspen Snowmass você pode se dar ao luxo de aproveitá-las das mais variadas maneiras é algo ainda mais encantador. Onde ficar em Aspen Aspen Snowmass concentra alguns hotéis na base e outros distribuídos nas partes mais altas das montanhas. Há desde opções ski-in-ski-out, que permitem sair e chegar esquiando da própria hospedagem, até as mais convencionais, que se espalham pelas vilas. Aspen Village tem mais hotéis, inclusive de alto luxo, como o cinco estrelas The Little Nell e o Limelight Aspen, que permite aos hóspedes acessar as pistas de Aspen Mountain antes de elas abrirem para o público regular. Snowmass também tem uma filial do Limelight, indicada para quem viaja em família por ter piscinas aquecidas, parede de escalada e quartos com cozinha, além de ficar ao lado do rinque de patinação. Para quem vai esquiar, vale saber que o hotel é ski-in-ski-out e ainda oferece transporte de equipamentos para Aspen Mountain. Caso opte por fazer um pitstop em Denver antes de seguir para as montanhas, a rede Limelight conta ainda com um hotel na capital do Colorado. Ele fica ao lado da Union Station, estação de trem que é conectada ao aeroporto. Fotos: Paulo Basso Jr.

50 | viajeMais Por Tales Azzi texto e fotos Praias selvagens, dunas e golfinhos aguardam os visitantes nessa ilha cheia de descobertas no extremo sul do litoral paulista |brasil| Ilha Comprida Foi uma cara de espanto que eu fiz ao descobrir que, na Ilha Comprida, no litoral sul paulista, existe uma praia com 74 km de extensão. Mesmo morando em São Paulo há quatro décadas e a apenas 200 km de distância, eu não sabia disso. É que, para a maioria dos paulistas, como eu, o litoral sul do estado acaba em Peruíbe (SP). Poucos sabem que mais abaixo, no extremo sul da costa paulista, há uma linda sequência de praias preservadas com matas e rios, com destaque especial para essa imensa praia da Ilha Comprida, que tem até dunas de dez metros de altura, outro detalhe que quase ninguém sabe. Uma extensa surpresa

viajeMais | 51 As Dunas do Araçá, no norte da Ilha Comprida, que fica separada do continente apenas por um braço de mar

52 | viajeMais A Ilha Comprida está quase colada ao continente, separada apenas por um braço de mar, lá chamado de Mar Pequeno. Tem acesso fácil de carro: de ponte a partir de Iguape ou de balsa a partir de Cananéia. Tal como sugere o nome, a ilha é realmente comprida: 74 km de extensão. Toda sua face voltada para o mar aberto é uma única praia, com faixa de areia larga e batida, com balneabilidade considerada pela Cetesb como “sistematicamente boa”, o mais alto grau de qualidade de mar. Apesar do tamanho, não é a maior ilha do Brasil, já que são apenas 4 km de largura, em média. Oficialmente, a Ilha Comprida tem 22 praias. Mas é impossível saber onde termina uma e começa a outra. O pedaço mais urbanizada fica na parte norte, onde está o miolo da cidade de 14 mil habitantes. A maioria dos turistas fica concentrada nessa área, conhecida como Boqueirão Norte, que tem calçadão, ciclovia e quiosques que fazem o serviço de bar de praia. Apesar de ter melhor estrutura, acredito ser o trecho menos interessante da costa da ilha. Os cenários mais bonitos estão nos extremos, afastados da área urbanizada. No norte, estão as Dunas do Araçá (a 7 km do centro) e, logo adiante, a Ponta da Praia, na foz do Rio Ribeira de Iguape. Fui até lá, guiado pela Mônica Novaes, da agência Maravilhas do Vale Ecotur. Estacionei o carro no restaurante Bora Lá, e segui caminhando pela praia deserta por 20 minutos até a ponta norte da ilha. Tem gente que faz isso bem cedo para ver o nascer do sol nesse local. A Ilha Comprida tem uma praia de 74 km de extensão, com muitos trechos selvagens e até dunas

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