Ouro de Tolo

58 OURO DE TOLO pida escala sem desembarque em alguma cidade do interior paulista que fosse considerada polo regional, ou seja, suficientemente grande para ter um aeroporto minimamente estruturado e homologado pe- las autoridades para receber os jatos da companhia regularmente. O pulo do gato era que esses voos com escala seriam mais convenientes do que tomar qualquer voo direto a partir do aeroporto internacional de São Paulo em Guarulhos, pois evitaria os dissabores de enfrentar o trânsito insano da Marginal Tietê para chegar até o terminal de GRU. Dependendo do destino, isso poderia significar mais tempo em solo, no trânsito, do que em voo para chegar à cidade desejada. Após a inauguração e a transferência dos voos para o novo aeroporto de Guarulhos em 1985, Congonhas ficou subutilizado e restrito a pou- cos voos regionais e à Ponte Aérea, os quais esvaziaram suas instala- ções. Lembro-me de que chegaram a propor o fechamento completo do aeroporto e a criação de um Shopping Center no local ou algum empreendimento imobiliário, fato amplamente apoiado por muitos moradores da região que queriam se livrar definitivamente dos estor- vos sofridos por aqueles que habitam as proximidades de um grande aeroporto. O barulho das turbinas exigia janelas antirruídos, as fortes luzes de aproximação das aeronaves invadiam os apartamentos situa- dos na rota sendo que nem cortinas blackout eram capazes de contê- -las e a interferência constante em aparelhos de TV, radio e telefonia levava os vizinhos à loucura em uma época em que a TV a cabo ain- da não existia. Era comum os anúncios de imóveis na região terem títulos com o nome do bairro que circundava o aeroporto, seguido da denominação “Fora da Rota”. Felizmente Congonhas sobreviveu e a decisão de mantê-lo operacional mostrou-se sábia e adequada à cidade de São Paulo, a qual possui múltiplos terminais aéreos para a conveniência de seus habitantes, tal qual outras importantes me- trópoles do mundo que também possuem aeroportos encravados no meio da cidade, como o de La Guardia no bairro do Queens em Nova York, o London City no centro financeiro de Londres e o Aeroparque Jorge Newberry no bairro de Palermo em Buenos Aires. Há exemplos também no Brasil, como o Aeroporto da Pampulha em Belo Horizon- te, que mesmo esvaziado em função da transferência maciça de voos para o Aeroporto de Confins segue operando alguns voos regionais, além do famoso Aeroporto Santos Dumont, encravado como se fosse umporta-aviões no centro do Rio de Janeiro, entre a ponte Rio-Niterói

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