Ouro de Tolo
33 MAURICIO ALEXANDRE fazendo com que os chamados “bons amigos” desaparecessem da noite para o dia, da mesma forma que sumiram os contrabandistas de bebidas ao final da Lei Seca. Nesse momento, acontece o auge da melancolia, na qual ele se vê só e sem ter para onde ir, jurando que caso voltasse a ter dinheiro no futuro o seguraria firme, pois aprendeu a lição, que “ninguém te dá mínima quando você está por baixo e sem grana”. No final da música, ele tem um devaneio e vislumbra que os velhos amigos que se perderam pelo mundo regressariam em busca de sua amizade e de seu convívio quando voltasse a ficar por cima. Nada mais clichê. Nada mais atual. É muito fácil conquistar amigos patrocinando o consumo deles. Afinal de contas, nunca falta audiência para “bocas livres”, sejam, quais forem ou aonde quer que seja. Se, por um lado, consumir é importante para a economia, pois gera empregos e faz girar o dinheiro na sociedade, por outro, devemos ter noção de nossa responsabilidade, com os recursos naturais que são extraídos para a produção dos produtos que consumimos. Quando isso acontece, toda a sociedade passa a se beneficiar, pois se cria uma reação emcadeia, preservandoa capacidadede reposiçãodos recursos naturais por meio do espaçamento de atividades extrativistas que implicam em seu esgotamento. No entanto, os recursos estão cada vez mais limitados devido ao aumento da população mundial e do estilo de vida moderno, que, ao não poupar absolutamente nada, promove o desperdício. Este desperdício que está presente nas toneladas de alimentos que são jogados fora diariamente. Basta uma visita a qualquer praça de alimentação ou feira livre para constatar que estamos vivendo um período de desequilíbrio no qual temos acesso a muito mais alimentos que somos capazes de consumir ao mesmo tempo que ainda há gente passando fome em todo o planeta. Por falar nisso, sempre me vem à cabeça episódios recentes que marcaram a história da humanidade e que parecem ter sido esquecidos por nós, como as cenas dos imigrantes europeus que tiveram de atravessar o Atlântico em condições precárias em busca da terra prometida nas Américas. Muitos deles passavam fome na Europa e sua única saída era aventurar-se no mundo em busca de condições dignas para viver, como terras férteis para plantar o próprio alimento. Outro episódio que assolou a Europa foram as duas grandes guerras, quenão só aniquilouadignidadedos povos envolvidos nos conflitos como também gerou fome e desemprego. Obviamente que a falta de alimentos também esteve presente, tanto nos campos de
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