Ouro de Tolo

OURO DE TOLO 114 ajudar a combalida e faminta cigarra em uma fábula essencialmente infantil. A verdade é que, se as formigas tivessem adotado o mesmo estilo de vida da cigarra, elas não teriam nem para o próprio sustento, muito menos algum excedente que lhes permitisse compartilhar ou doar para terceiros como a cigarra do conto. Muitos filósofos comparam as quatro estações do ano com as eta- pas da vida. Há várias abordagens distintas, algumas separando o ou- tono e o inverno em um lado fazendo contraponto com a primavera e o verão do outro. Entretanto predomina a abordagem que segue a ordem cronológica das estações do ano, começando geralmente pela primave- ra, representando um novo ciclo ou uma nova vida. Afinal de contas, é a temporada que representa o alvorecer da vida, seu florescer e cres- cimento sob sol. É o período que concebe a infância e os tenros anos de formação do indivíduo. No verão, atingimos o auge da fase adulta e o ápice da vida, vivemos por anos a fio repletos de energia. O declí- nio inicia-se lentamente com a chegada do outono, em que a energia do verão ainda está presente, mas em menor intensidade, diminuindo lentamente com o passar dos anos e intensificando-se com a vinda do inverno ao culminar com o crepúsculo da existência. Quando olhamos a vida dessa forma, podemos concluir que te- mos parte da primavera, o verão inteiro e um bom período do outono para produzir e armazenar, visando ao conforto e à segurança futura durante o inverno que se aproxima com o passar do tempo. Precisa- mos estar preparados para essa fase derradeira em que já não temos mais tanta energia para viver de nosso trabalho. Dessa forma, depen- deremos das economias feitas ao longo dos anos profícuos do passado para vivermos bem ou ao menos sobrevivermos com alguma digni- dade até o final de nossos dias. Seguindo essa analogia, as estações do ano têm suas características específicas em cada parte do globo terrestre, variando em função da latitude, e ocorrem com intensida- de diferente para cada pessoa em função de sua atividade. Um atleta de alto rendimento terá menos tempo para produzir, pois seu ciclo será mais curto do que o de um intelectual, que provavelmente atin- girá seu ápice mais tardiamente. Os jogadores de futebol são um bom exemplo disso, pois a maioria constrói seu patrimônio precocemente, tendo que contar com boa assessoria financeira para aplicá-lo de for- ma adequada, visando permitir que possam desfrutar do patrimônio acumulado por décadas a fio. Apesar dos profissionais da bola terem

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